Com o ensaio “Orixás”, que destaca as divindades do Candomblé, o fotógrafo André Fernandes é o representante do Brasil no Concurso Internacional de Arte para Artistas Minoritários, organizado pelo Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH). A cerimônia de premiação acontece nesta terça-feira, 26, a partir das 15h (horário de Brasília), no Centro de Artes da Escola Internacional de Genebra (Ecolint), Suíça.
Estabelecendo-se como uma plataforma para artistas minoritários defensores dos direitos humanos, o concurso tem André como o único brasileiro premiado nesta edição. No evento, o artista recebe o prêmio de menção honrosa, concedido por um painel de cinco juízes que destacaram a qualidade da obra e a relevância dos temas abordados para ampliar a conscientização e a compreensão dos direitos de minorias. Ao todo, oito artistas foram escolhidos em todo o mundo, atuantes de diversas áreas da arte.
Representando o Brasil e a Bahia, André Fernandes reforça a importância do evento e como a oportunidade será enriquecedora. “Enquanto artista, essa é uma grande oportunidade de usar a arte para falar do Candomblé, para atingir mais gente e lançar luz sobre a beleza que é o Candomblé. É uma honra poder representar a Bahia e o Brasil em um espaço tão relevante para os Direitos Humanos, na capital humanitária do mundo. Então, dar visibilidade internacional para essas narrativas é uma forma de reverenciar as nossas memórias ancestrais, comenta.
Além da cerimônia de premiação, o fotógrafo também vai participar de atividades correlatas de 25 de novembro a 1 de dezembro de 2024. Também está programado para acontecer uma exposição de arte para celebrar a sua trajetória artística, juntamente com outros artistas laureados. Além da mostra, também acontece o lançamento do catálogo da premiação e a organização de eventos e reuniões sobre arte, cultura e direitos humanos em nível internacional.
“Participar disso tudo é incrível. Imaginar que estarei, durante sete dias, participando de diversos eventos e reuniões sobre arte, cultura e direitos humanos em nível internacional; que vou conhecer pessoas com histórias tão potentes nessa jornada e ter a oportunidade de participar da 17ª sessão do Fórum das Nações Unidas para Minorias, no Palácio das Nações, é muito gratificante. Eu acredito que, na minha volta, terei um olhar ainda mais apurado sobre esses temas, e uma responsabilidade de passar isso adiante”, reforça Fernandes.
Esse reconhecimento, contudo, não foi fácil. O projeto demorou mais de dois anos desde a concepção até a produção das fotos, em 2014, no Terreiro Ilê Axé Alaketu. “Orixás” é um ensaio fotográfico que revela as divindades do Candomblé com todas as suas vestes, adornos e indumentárias usadas nas obrigações e festas cíclicas do terreiro. Revela também os elementos que conectam os homens com o espírito ancestral dos Orixás.
O fotógrafo ressalta que trabalhar temas relacionados à ancestralidade e memória afrodescendente é importante, principalmente no combate a estigmas. “Todas as pessoas têm o direito de manifestar a sua fé, conceito amplamente defendido pela ONU na iniciativa chamada ‘Fé por Direitos’, de 2017. Então, ‘Orixás’ aborda temas relacionados à memória, ancestralidade e identidade. Além de preservar a memória afrodescendente, as fotografias possibilitam acender o debate e a reflexão sobre o Candomblé, tendo em vista que quanto mais gente estiver falando e desmistificando o tema, menos o preconceito existirá sobre a cultura e suas peculiaridades”, conclui.
O projeto tem apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda, Secretaria de Cultura da Bahia e Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH). “Orixás” foi contemplado pelo edital Salvador Circula, com recursos financeiros da Fundação Gregório de Mattos, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Prefeitura de Salvador e da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), Ministério da Cultura, Governo Federal.