Os casos de varíola dos macacos (monkeypox) têm aumentado exponencialmente no Brasil e no mundo. No país, as últimas atualizações do Ministério da Saúde apontam que já são mais de 3.000 casos registrados.
O número de casos subiu assustadoramente desde maio de 2022 e esse rápido avanço da doença fez com que a Organização Mundial da Saúde declarasse que o surto de varíola dos macacos constituía uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII). Altamente contagiosa, a varíola dos macacos tem como principal característica as lesões que surgem na pele. Elas porém, podem ser confundidas com outras situações, dificultando o diagnóstico da doença, como explica as médicas dermatologistas Camila Sampaio e Fernanda Ventin, sócias da Clínica InDerm.
A varíola dos macacos é uma doença similar à varíola humana, porém é mais leve e menos letal. Apesar de ser conhecida como varíola dos macacos, os primatas são tão vítimas quantos os humanos e os roedores são reservatórios naturais do vírus.
Transmissão
“A principal forma de transmissão é o contato próximo com lesões na pele, secreções respiratórias ou objetos pessoais contaminados, por exemplo, roupas de cama e banho”, afirma Fernanda Ventin. Para que haja a transmissão da varíola dos macacos por partículas respiratórias é preciso que exista um contato pessoal prolongado, por isso, há maior risco desse tipo de contaminação para profissionais de saúde, membros da família e outras pessoas próximas às infectadas.
Sintomas – Lesão na pele
Um dos sintomas da doença, a lesão na pele, virou um ponto de apreensão entre as pessoas e, inclusive, entre os médicos. O motivo é que essa ferida pode mesmo confundir com outras situações corriqueiras nos hospitais. “Do ponto de vista clínico, essas lesões lembram herpes, varicela, foliculite e até mesmo uma afta. Para fechar um diagnóstico é preciso que o paciente realize um exame laboratorial. Essa tem sido a grande dificuldade da varíola dos macacos para nós médicos. Pode ser realmente difícil confirmar com exames laboratoriais “, explica Camila Ribeiro.
Diagnóstico – Identificando as lesões
Para identificar as características é importante alertar que o diagnóstico deve ser feito por um médico e não por conta própria. Porém, é comum que as lesões sigam etapas sequenciais como:
• Região fica avermelhada;
• Surgimento de uma lesão elevada;
• Formação de líquido dentro, com uma bolha de pus amarelado dentro;
• Umbilicação na lesão (depressão no meio);
• Desenvolvimento de uma crosta;
• Crosta cai e forma cicatriz.
“Geralmente, as pessoas têm de 5 a 10 lesões, principalmente no rosto, tronco, braços e pernas. Isso é o mais frequente. Após esses sinais citados, as lesões deixam de ser contagiosas. No entanto, pacientes imunossuprimidos, crianças e idosos podem apresentar uma quantidade maior de feridas”, afirma Fernanda Ventin.
Uma forma importante para evitar confusões da varíola dos macacos com outras doenças é observar o desenvolvimento de outros sintomas. Uma delas são as ínguas, protuberâncias ocasionadas pelo aumento dos gânglios linfáticos. O desenvolvimento de febre e mal-estar também são sintomas recorrentes nestes casos, que não necessariamente se repetem em outras complicações. Outro ponto, por exemplo, é identificar se a pessoa teve contato próximo com alguém infectado pelo vírus.
Tratamento
Na maioria das vezes, a dor pode ser adequadamente manejada com analgésicos, como dipirona ou paracetamol. “Se muito intensa, pode demandar uso de opioides, como tramal e codeína, ou mesmo internação para melhor controle da dor. Ressaltamos que se qualquer pessoa observar um dos sinais de alerta relacionados à varíola dos macacos, é importante procurar uma unidade de saúde imediatamente”, completa Camila.