Vivemos uma fase curiosa da perfumaria. Se, antes, o ideal era exalar uma fragrância discreta, que flertasse com o natural e se misturasse à pele quase como um sussurro, agora a tendência é outra: perfumes que falam alto, que se vestem como um look de impacto, que antecedem a chegada e prolongam a saída. Estamos, definitivamente, na era dos perfumes statement.
É nesse cenário que surge Very Good Girl Elixir, o mais novo salto alto perfumado de Carolina Herrera. E a metáfora aqui não é apenas visual — o frasco, em degradê de vermelho a preto, com toques de dourado, parece uma extensão do que se sente ao borrifar a fragrância: um gesto decidido, firme, quase performático. O Elixir chega com mais intensidade que suas antecessoras e não se envergonha disso. Muito pelo contrário — ele usa essa intensidade como linguagem.
Na pele, a combinação é voluptuosa: cereja preta, com seu lado licoroso e suculento, encontra uma rosa vermelha nada romântica — mas cheia de atitude. A baunilha fecha o ciclo com doçura quente, densa, provocante. Não há arestas leves, nem acordes tímidos. É um perfume que chega vestido para ser lembrado, como quem sabe que presença é, também, um poder.
A própria evolução da linha Good Girl reflete essa mudança de comportamento. Se a primeira versão, em 2016, apostava na dualidade entre o jasmim e o cacau para retratar o “bom versus mau” da mulher moderna, hoje a narrativa está menos binária e mais afirmativa. Não se trata mais de equilibrar opostos — trata-se de escolher ser exatamente o que se quer, em volume alto.
O novo Elixir entra no mercado em um momento em que fragrâncias doces, densas, com rastro longo e personalidade forte voltam a dominar o gosto popular. De cloud perfumes a composições gourmand quase comestíveis, a regra é clara: mais é mais. E, se possível, memorável.
Carolina Herrera entendeu o momento — e cravou seu salto nele. Very Good Girl Elixir não é um perfume para ser compartilhado, muito menos para ser ignorado. Ele é feito para quem, ao entrar em um ambiente, prefere ser percebida antes de ser vista. E, de certa forma, esse é o verdadeiro luxo: carregar uma identidade olfativa que fala por você.
