“A viagem de Flor”, segunda obra de uma trilogia de livros infantis que abordam conceitos importantes relacionados à saúde, será lançada no próximo dia 28, a partir das 15 horas, no Museu Palacete das Artes, em Salvador. A história, protagonizada por uma meiga borboleta chamada Flor, foi escrita pela médica anestesiologista baiana Anita Rocha, também autora de “A Transformação de Flor”.
A tarde de autógrafos, que incluirá contação de histórias, pintura artística, música, pipoca e algodão doce para a criançada, será também beneficente, já que o lucro obtido com a venda dos livros será doado aos Missionários da Fraternidade Cristã (MFRAC), que há mais de 40 anos assistem crianças e jovens da periferia soteropolitana.
No primeiro livro, Flor é uma lagartinha que consegue superar suas dores antes de ganhar asas ao se transformar em uma linda borboleta que, logo, aprende a voar. Já em “A Viagem de Flor”, ela alça novos voos em direção a descobertas e experiências incríveis ao lado de sua turma, faz novas amizades e ajuda a iluminar a escuridão de seres que vivem em um reino distante. Através da história, Anita Rocha busca conversar com as crianças sobre o que as aflige, compartilhando esperança e ajudando-as a superar momentos e sentimentos ruins.
Para a confecção do livro, a autora se inspirou não apenas no conhecimento técnico adquirido durante sua formação, mas também em experiências pessoais de sua infância e adolescência. “Fui criada em uma cidade do interior, onde tive a oportunidade de estar em contato com a natureza e de ouvir histórias de minhas avós e meus pais. Traços dessas memórias de infância estão presentes no texto, que valoriza elementos como os vagalumes, os livros mágicos, as fadas e a propriedade das árvores de florescer e gerar frutos após um período de hibernação”, destacou a médica que, recentemente, buscou aprofundar seus conhecimentos em tratamento da dor e em cuidados paliativos voltados para a população infantil.
Estar ao lado do sofrimento e da dor vivenciados pelas crianças e por seus familiares diante das perdas trazidas por muitas doenças motivou Anita Rocha a buscar uma maneira de minimizar o impacto dessa realidade. Foi então que a médica se descobriu autora de livros infantis.
“Adoro estar com crianças. Elas me transmitem paz, inocência, leveza e tranquilidade. Vê-las adoecer e passar por dificuldades sempre foi algo que mexeu muito comigo. Viver com dor, seja ela aguda ou crônica, não é fácil. Essa experiência é ainda mais forte quando consideramos o universo infantil”, frisou.
Ainda segundo a médica, quando a dor é tratada precocemente e de forma adequada, a retomada das atividades da vida diária acontece mais rapidamente. Entretanto, estudos recentes revelam que as crianças podem desenvolver sensibilização e amplificação da dor, tornando-se adultos com dor de difícil tratamento.
Para evitar que isso ocorra, é preciso criar estratégias que instrumentalizem a criança ao enfrentamento mais rápido deste sintoma, seja através de medicamentos ou de técnicas não farmacológicas que permitam o desenvolvimento de resiliência diante do sofrimento.
“Pensando na resiliência, capacidade de enfrentamento das adversidades da vida e sua superação e no aprendizado de como fazer com que algo não venha mais a machucar ou trazer sofrimento, comecei a escrever livros infantis. Acredito que através do diálogo e de instrumentos lúdicos, podemos ajudar nossas crianças a desenvolverem habilidades emocionais de transformação e de recuperação diante das dificuldades da vida. A resiliência não é uma aptidão nata do ser humano, nem mesmo uma carga genética transmitida de pais para filhos, precisamos aprendê-la”, destacou a autora de “A Viagem de Flor”.
Após o lançamento de seu primeiro livro, “A Transformação de Flor”, materialização de um sonho de Anita Rocha, a médica teve retornos positivos inimagináveis. “Receber o carinho e a admiração das crianças representou algo que Flor traz enquanto personagem: se você ajuda alguém, ajuda ainda mais a si mesma. Quando a gente faz o bem, a gente é mais feliz e quando a gente é mais feliz, a gente faz mais o bem. Este é um ciclo que se retroalimenta. Observar os olhos das crianças brilharem diante da história de Flor me motivou a seguir em frente na construção deste segundo livro”, contou.
A terceira aventura de Flor já está sendo construída. O tema está definido, mas a autora, que completa mais um ano de vida este mês, prefere guardar este segredo, por enquanto.