O diretor chileno Pablo Larraín já havia feito as cinebiografias Spencer, sobre a princesa Diana, e Jackie, abordando a vida da ex-primeira-dama dos Estados Unidos Jaqueline Kennedy. Agora, volta às telas com Maria Callas, cinebiografia sobre a soprano que dá nome ao filme e estreia nesta quinta-feira, 16, nos cinemas.
A trama aborda a última semana de vida de Maria Callas (Angelina Jolie), mostrando como a cantora de ópera lidou com a fama ao final da vida, sempre cercada por seu mordomo Ferruccio (Pierfrancesco Favino) e a governanta Bruna (Alba Rohrwacher).
E, assim como as outras duas biografias, Pablo Larraín faz um filme… chato. Com duas horas de projeção, o longa não consegue dar a dimensão da importância de Callas para a ópera. Muito menos mostra de onde ela veio. Basicamente se importa em mostrar como ela é uma prima-dona (no sentido pejorativo, de ser mandona, blasé etc) e como ela se submetia ao ex-marido, o magnata Aristóteles Onasis (Haluk Bilginer). No meio disso, ela tem delírios de que uma equipe de televisão vai entrevistá-la – e o filme nem se preocupa em deixar o suspense se o repórter é real ou não, já que ela o nomeia de Mandrax (nome do remédio do qual ela era viciada). Ou seja, não é real.
Entre uma cena e outra, voltamos ao passado de Callas, que foca mais no relacionamento com Onassis. A mãe também parece odiá-la, mas isso é dito pela própria personagem, não é mostrado. Só uma ou duas passagens a mostra mais jovem, cantando para um oficial nazista na Itália. O que também é mal explicado, já que ela é americana, de Nova York (dito no filme), e morou na Itália durante a guerra (pesquisa minha, já que o filme não diz).
E, entre as cenas, Jolie dublando a cantora em longos números de Ópera que nada acrescentam à trama, uma vez que nem o que ela canta é legendado – demonstrando que a cantoria não tem nada de relevante a não ser mostrar a belíssima voz da soprano.
O roteiro, escrito por Steven Knight (dos excelentes film Locke e série Pink Blinders) tem a força nos diálogos. É o grande trunfo do filme, mas a condução de Larraín deixa tudo monótono.
Jolie, basicamente, repete sua persona dos últimos filmes: ar blasé. Nem parece aquela atriz cheia de vida e energia que surgiu em Garota Interrompida (1999), o qual, inclusive, lhe rendeu o único Oscar da carreira. Já o ator Pierfrancesco Favino se destaca conseguindo demonstrar toda sua preocupação com Callas, algo que chega a ser tocante.
Maria Callas perdeu a chance de mostrar ao mundo quem foi uma das maiores sopranos, para mostrar uma personagem em fim de carreira. Assim como Jackie e Spencer, mais uma cinebiografia de Lorraín que você sai do cinema sabendo pouco sobre as retratadas, e achando que passou 5 horas dentro da sala de cinema.
