Ridley Scott não brinca em serviço. O diretor que comandou grandes filmes com batalhas como “Gladiador” e “A Última Batalha” se volta novamente para um período histórico, dessa vez para falar de uma figura entre as mais famosas do mundo: o imperador francês Napoleão Bonaparte. Com “Napoleão”, que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 24, Scott mostra que continua em forma.
A trama de “Napoleão” cobre desde o momento da Revolução Francesa, mais precisamente com um início chocante da decapitação da rainha Maria Madalena, até o último dia do imperado francês.
Como você já deve imaginar, é um período longo, cerca de 22 anos. Portanto, nem o filme com 2h36 conseguiu mostrar os principais fatos a contento. Temos, basicamente, um longa que mostra a relação de Napoleão (Joaquim Phoenix) com sua esposa Josefina (Vanesa Kirby, sempre excelente!).
Sim, tem a chegada dele no Egito explodindo as pirâmides (com toda licença poética do diretor Ridley Scott, já que a história diz que o francês ficou tão encantado com o que viu que ordenou que ninguém fizesse nada contra elas), ele se auto declarando imperador colocando a coroa em sua própria cabeça, temos a batalha de Waterloo (onde Napoleão perdeu a guerra) e outros momentos que estudamos nos livros de história. O problema é que, mesmo com uma legenda mostrando em que ano e onde se passam certas batalhas, tudo parece de forma episódica e rápida demais.
O roteiro coloca personagens e tira sem pena. No início, Napoleão diz que a mãe e a esposa – nessa ordem – são as mulheres mais importantes de sua vida. A mãe aparece em alguns momentos, mas bem pouco. Já o imperador estava ansioso para ter um herdeiro e, quando o tem, só vemos nascer. Depois o personagem some, assim como a mãe do herdeiro.
O longa se apoia em cartas que Napoleão e Josefina trocaram, e é o que dita o ritmo. Joaquim Phoenix, sempre excelente, dá o peso dramático certo a Napoleão, mesmo que em algums momentos ele pareça mais seu personagem Coringa, do longa de 2019. Já Vanessa Kirby convence mostrando toda a relação tóxica que eles tinham, indo da doçura à certa rebeldia com firmeza.
A fotografia é um caso à parte, com belas imagens e planos poderosos, sempre dando a dimensão de Napoleão para o período. E, apesar do tempo de exibição, o longa consegue prender a atenção, fazendo com que a gente não sinta a longa duração.
Como o longa irá para a AppleTV+ com 4h de duração, fica claro que essa versão do cinema é uma edição do original, deixando pontas soltas e falhas como as descritas acima, com personagens aparecendo e sumindo sem utilidade. Uma pena que, na TV, não tem a mesma dimensão de uma tela de cinema.
“Napoleão” consegue mostrar um imperador francês até então pouco visto no cinema e faz a gente ir atrás de aulas de história para entender e lembrar tudo sobre o período importante da história mundial.