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Crítica – Amor e Monstros

Este Amor e Monstros, produção original da Netflix, é um daqueles filmes que parece ter sido feito por algum algoritmo, combinando elementos de outras obras e gêneros que deram certo em uma colcha de retalhos narrativa que espera atingir o maior público possível. O resultado, no entanto, é algo derivativo e desprovido de personalidade.

A trama se passa em um futuro apocalíptico no qual o planeta foi tomado por criaturas mutantes depois que mísseis disparados contra um asteroide que se aproximava da Terra dispersou químicos na atmosfera. Sete anos depois, quase toda a população foi morta e os que sobraram vivem em bunker subterrâneos. Joel (Dylan O’Brien) é um desses poucos sobreviventes que vivem em esconderijos subterrâneos. Quando ele recebe uma mensagem via rádio de Aimee (Jessica Henwick), sua namorada antes do apocalipse, ele decide deixar seu abrigo para viajar até ela.

Na prática, a estrutura narrativa é quase uma cópia de Zumbilândia (2009), com um sujeito meio nerd e medroso cruzando o país em um cenário pós-apocalíptico enquanto encontra companheiros de viagem pitorescos, apenas substituindo os zumbis por monstros. Os primeiros minutos até dão a impressão de que o filme irá investir mais na comédia e na paródia, com a narração de Joel exibindo um grau de autoconsciência em relação às convenções narrativas e lugares comuns que sua história exibe.


Ao longo do desenvolvimento, no entanto, a trama também traz alguns momentos de drama, solicitando que o espectador leve à sério aquele universo e personagens, como no flashback em que Joel lembra da morte dos pais ou a contemplativa cena em que ele senta para conversar com um robô à beira estrada. Nesses momentos, o filme tenta se aproximar de filmes mais “sérios” sobre apocalipse, como A Estrada (2009), o que causa um grande contraste com os momentos de absurdo em que a trama claramente assume uma verve mais paródica.

A questão é que o material não se compromete nem com o drama, nem com a comédia, indo e vindo entre as duas abordagens sem fazer nada consistente com ambas. Falta anarquia e absurdo para funcionar plenamente como comédia. Os personagens são unidimensionais e clichê demais para que as tentativas de drama envolvam ou emocionem como se pretende. Ao tentar fazer várias coisas ao mesmo tempo e, possivelmente, agradar diferentes públicos, o filme acaba não conseguindo fazer nada de muito interessante com o material que tem em mãos. Por mais que Dylan O’Brien até seja um protagonista carismático, não consegue elevar um texto que carece de impacto.

Os monstros acabam sendo o ponto alto do filme, cheias de dentes, olhos, tentáculos e com aspecto deformado, realmente parecem criaturas que sofreram mutações descontroladas. A ação é competente, fornecendo alguns momentos de empolgação, como quando Joel arremessa uma granada na boca de um monstro, mas não tem as mortes criativas de outros filmes que zoam o apocalipse, nem chegam na adrenalina de exemplares mais sérios do gênero. É tudo construído de maneira correta sem ser particularmente memorável.

Amor e Monstros tenta levar sua trama em múltiplas direções ao mesmo tempo, mas nenhum desses caminhos consegue oferecer nada de muito interessante além de remeter a outros filmes similares, resultando em um filme que até é simpático, ainda que esquecível.

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