Amplamente comercializada como solução para ganho muscular e fortalecimento imunológico, a glutamina sintética tem se tornado uma febre nas academias e redes sociais. No entanto, a especialista da Cliagen – Clínica de Atenção em Gastroenterologia, Especialidades e Nutrição -, Geisa Silva, alerta que a falta de evidências científicas sólidas e o uso sem orientação profissional podem representar riscos à saúde da população.
A glutamina é o aminoácido livre mais abundante no sangue e no tecido muscular, produzida naturalmente pelo organismo. “A teoria de que a glutamina é um aminoácido condicionalmente essencial foi baseada na observação de que, em situações de estresse, como traumas, infecções, queimaduras e cirurgias de grande porte, a necessidade de glutamina pelas células é aumentada, ultrapassando a capacidade do organismo de produzi-la”, explica a nutricionista.
De acordo com a profissional, embora a versão sintética tenha a mesma estrutura molecular da glutamina natural, sua produção industrial por fermentação bacteriana controlada levanta questões sobre sua real necessidade. “A glutamina natural é produzida pelo corpo humano, enquanto a sintética pode ser administrada por via oral, por sonda ou diretamente na veia”, esclarece.
Mitos sem comprovação
Nas redes sociais circulam afirmações infundadas sobre seus benefícios. “Muitas pessoas acreditam que basta tomar glutamina para fortalecer o sistema imunológico, acelerar recuperação muscular ou curar doenças intestinais, sem considerar a necessidade de avaliação individualizada”, alerta Geisa.
O principal mito é sobre prevenção do catabolismo muscular. “Não foram encontrados estudos em seres humanos que comprovem que, de forma isolada, esse suplemento traga benefícios no crescimento muscular”, afirma a nutricionista.
Para idosos com sarcopenia, as evidências também são insuficientes. “Os resultados disponíveis não demonstram que seu uso isolado seja eficaz para prevenir ou reverter a perda de massa muscular”, destaca.
Evidências limitadas
Embora existam estudos sobre glutamina, a comunidade científica mantém cautela. “A existência de estudos não significa que os benefícios estejam comprovados. A avaliação rigorosa da qualidade desses trabalhos é fundamental para uma indicação segura”, adverte a nutricionista. Mesmo para síndrome do intestino permeável, as evidências são frágeis. “Alguns estudos pequenos mostraram benefícios, mas têm limitações como poucos participantes e diferenças nas doses utilizadas”, explica Geisa.
Orientações práticas
A especialista esclarece que outro equívoco é considerar a suplementação sempre necessária. “O corpo produz glutamina naturalmente e, em muitos casos, uma alimentação equilibrada é suficiente”, afirma. Para diabéticos ou pessoas com doenças hepáticas, não há evidências que justifiquem a suplementação, mas também não há contraindicações comprovadas. O alerta é claro: antes de usar glutamina sintética, busque orientação profissional qualificada para avaliação individualizada, considerando as evidências disponíveis e as reais necessidades do organismo.
Quer ficar por dentro dos eventos mais badalados, das novidades culturais, tendências de moda, viagens, gastronomia e tudo o que acontece na Bahia? Então siga o @BahiaSocialVip no Instagram e não perca nenhum detalhe!
