Em novembro, o Brasil receberá a primeira edição traduzida para o português de uma obra de Josephine Apraku. Hiato e Amor: porque as relações sociais nos separam e como nos re/encontramos traz ao público brasileiro uma rara perspectiva da literatura afrodiaspórica de expressão alemã.
O livro, traduzido com o apoio do Goethe-Institut e publicado pela Editora Malê, será lançado em eventos em Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo. As sessões contarão com bate-papos e discussões que abordam temas como racismo institucional, desigualdade e os desafios das relações contemporâneas. Josephine participa também da Flup – Festa Literária das Periferias.
A tradução de Hiato e Amor se insere num contexto de crescimento da literatura de autoria negra na Alemanha, onde obras como 1000 Serpentinen Angst, de Olivia Wenzel; Adas Raum, de Sharon Dodua Otoo; e Brüder, de Jackie Thomae, têm atraído amplo reconhecimento. As atenções se voltaram para as obras especialmente após os protestos do Black Lives Matter, em 2020, trazerem à tona discussões sobre o racismo estrutural na sociedade alemã. No entanto, o público brasileiro ainda tem pouco acesso à literatura de autoria negra da Alemanha, e a chegada de Hiato e Amor marca um importante passo para preencher essa lacuna.
“O desejo de apresentar essa obra para uma editora brasileira e apoiar sua tradução em português por meio do nosso Programa de Fomento à Tradução se intensificou com a vinda de Josephine ao Brasil no ano passado, quando participou da segunda edição do WOW. Meu especial agradecimento ao Vagner Amaro, editor da Malê, que acreditou na potência dessa obra e está facilitando seu acesso ao público brasileiro. “Hiato e amor” combina o conhecimento de Josephine, suas próprias experiências e sua competência como instrutora com textos literários”, afirma Almerinda Stenzel, Diretora da Biblioteca do Goethe-Institut Rio de Janeiro.
Sobre Hiato e Amor
Ao contrário da visão romântica e idealizada do amor como um sentimento universal, Apraku examina, em seu livro, como discriminação e desigualdades – raciais, de classe, de gênero – impactam os relacionamentos íntimos. Hiato e Amor mostra como o racismo, o classismo e o patriarcado entram em cena nas relações amorosas, transformando-as em microcosmos dos conflitos e injustiças que enfrentamos na sociedade. A obra convida leitores a refletirem: como podemos amar genuinamente em uma sociedade onde o amor, para muitos, não é acessível de forma igualitária?
Inspirade pelo trabalho de bell hooks, Josephine aborda em Hiato e Amor temas como amor, poder, desejo, emoções, corpo, conflito, ecossistema, trabalho e futuro, propondo aos leitores que rompam padrões de comportamento e fortaleçam sua capacidade de proximidade, conexão e empatia. A obra explora o amor não só como um sentimento, mas como um espaço de resistência e justiça social.