Por Bruno Mota*
A recente e frenética valorização do dólar em relação ao real (desvalorização), causadas pelas instabilidades internacionais, possibilidade de aumento da taxa de juros pelo FED (Banco central americano) e especial a eleição presidencial americana, teve no Brasil contornos de mais duros.
No campo interno, em especial, a valorização do dólar, ganhou velocidade por contas de algumas falas do presidente sobre o desequilíbrio fiscal, que deram margens a se acreditar que haverá persistência dos problemas envolvendo as contas públicas, o que impacta na economia de longo prazo (taxa de juros), todo ambiente de negócios do Brasil, e principalmente nas expectativas, ferramenta de decisão de investidores e famílias.
A desvalorização do real, afeta significativamente a economia brasileira, mas de forma diferentes para os grupos sociais e suas demandas de despesas e consumo. Para aqueles que já se encontram no seleto grupo dos que têm independência financeira, esses impactos são particularmente notáveis, em diversos campos específicos, que vão do supérfluo, passa pelos investimentos
e vão até as questões educacionais dos filhos.
Aqueles que frequentemente realizam viagens internacionais enfrentam custos mais altos para passagens aéreas, hospedagem, alimentação e entretenimento, devido à diminuição do poder de compra em moeda estrangeira. O consumo de produtos importados, incluindo itens de luxo como carros, roupas, eletrônicos e alimentos gourmet, também é impactado. Com o dólar alto, esses produtos se tornam mais caros, levando a uma redução no consumo ou à busca por alternativas nacionais que nem sempre oferecem a mesma qualidade.
Por sua vez, os investidores desse grupo, em especial, com portfólios diversificados e ativos no exterior, enfrentam maior volatilidade cambial e aumento nos custos de manutenção e transação desses investimentos, mas os mesmos se apresentam como melhor alternativa para o momento, com rentabilidade em moeda forte. Se faz necessário, portanto, acompanhar os desdobramentos negativos ou mesmo instáveis, diante da corrida eleitoral nos EUA e seus efeitos sobre a moeda daquele país.
No mercado imobiliário, em especial, que veem crescendo muito entre brasileiros, da Classe A, a compra de propriedades no exterior ou em locais turísticos como Miami ou Lisboa se torna mais cara, neste momento, exigindo repensar o momento da decisão e acompanhar as oportunidades que possam surgir. Além disso, a importação de materiais de construção e acabamentos de alto padrão, comuns em imóveis de luxo, no Brasil, também encarecem, elevando os custos de novas construções e reformas.
Famílias mais abastadas frequentemente enviam seus filhos para estudar no exterior, passando a ter despesas correntes em outra moeda. Esse grupo, também enfrentam um aumento substancial nos custos de mensalidades, acomodação e despesas diárias, exigindo maior planejamento financeiro e, em alguns casos, limitando o acesso a essas oportunidades educacionais ou as adiando.
Em suma, a valorização do dólar impõe a necessidade de um planejamento financeiro mais rigoroso e uma reavaliação de prioridades de consumo e investimento para a classe A. Compreender essas influências é essencial para mitigar os efeitos negativos e continuar a prosperar em um cenário econômico globalizado. Para quem trafega nesse universo, se importante aprender a investir no mercado americano, na mesma moeda que realiza despesas, evitando ou atenuando a desvalorização do Real e tendo receita em dólar.
* Pai, Economista, mestre em Desenvolvimento Regional e Urbano, Prémios: Corecon e BNB, escritor, palestrante, educador financeiro e criador do canal no @financasparajovensoficial