Os bons amigos da atriz Heloisa Périssé conhecem a personagem Tia Doro há pelo menos uns 15 anos. Ela é uma espécie de coach, uma palestrante motivacional, que aparecia em festas ou nos bastidores da televisão ou do teatro quando o astral de alguém pesava e a artista tratava de desanuviar a situação. Bastava Heloisa falar “sabe qual é meu nome? Tia Doro” que o sorriso voltava a iluminar o rosto do colega diante da sonoridade carinhosa. Ingrid Guimarães ouviu vários dos seus conselhos, Bruno Mazzeo e Mônica Martelli viraram devotos e Paulo Gustavo (1978-2021) trouxe até uma peruca de presente para ela de uma de suas viagens a Nova York.
Depois de tanto cuidar de pessoas queridas, Heloisa, de 56 anos, sentiu que era a hora de a criadora receber os afagos de sua criatura e, em 2021, escreveu o monólogo cômico A Iluminada, estreou em Portugal, cumpriu temporadas no Rio de Janeiro e São Paulo e agora retorna à Salvador pelo projeto Catálogo Brasileiro de Teatri, neste final de semana, dias 18, 19 e 20 de Agosto no Teatro Sesc Casa do Comércio, com sessão extra no domingo às 21h. Os ingressos estão à venda no Sympla e no local.
No espetáculo, Heloisa interpreta uma palestrante excentricamente inusitada, que quando nasceu foi batizada pelos pais como Dorotéia das Dores e se tornou um exemplo de superação absoluta. Por ter tido uma família excêntrica, passou por bullying na escola, com os amigos, nos relacionamentos, e em todas as coisas que pudessem configurar sua existência. Até que um dia, ela chegou ao fundo do poço. Mas o que poderia ser seu fim, acabou sendo o recomeço, quando percebeu que essa coleção de fracassos foi exatamente o que poderia leva-la ao sucesso. Quando seus olhos se abrem para o invisível, seu coração se enche de gratidão e ela se harmoniza com seu destino. Apoiada na lei matemática de que menos com menos dá mais ela passa pelo processo metamórfico de iluminação e se transforma definitivamente na Tia Doro! Revertendo o que seria maldição, em benção. Como ela mesma diz: “peguei a merda e fiz em adubo!”