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Crítica – Queda Livre: A Tragédia do Caso Boeing

Produção da Netflix, o documentário Queda Livre: A Tragédia do Caso Boeing é uma daquelas histórias ao estilo “eles sabiam o tempo todo!” no qual descobrimos que alguma grande tragédia que vitimou centenas de pessoas não foi um acidente ou infortúnio, mas fruto de negligência criminosa cometida por uma empresa bilionária que decidiu rifar a vida de pessoas para ampliar suas margens de lucro.

A trama narra os problemas do modelo Boeing 737 Max que causaram duas quedas de avião em um intervalo de cinco meses e causaram centenas de mortes. Através de imagens de arquivo, testemunhos de ex-funcionários, especialistas e familiares das vítimas, o documentário explica quais foram os problemas que causaram a queda das duas aeronaves e como a Boeing não apenas sabia que os aviões tinham defeitos, como ocultaram esses defeitos dos órgãos de regulação e das empresas aéreas que compraram seus aviões.

É uma estrutura bem quadrada de documentário que arrisca ou inova pouco na maneira de contar a história. Nos momentos em que tenta, como as reconstituições de eventos nos cockpits dos aviões, sofre com uma computação gráfica tosca que quebra a imersão ao invés do efeito pretendido de nos deixar mergulhados no caos que os pilotos das duas aeronaves devem ter experimentado. Em alguns momentos também deixa de explicar alguns jargões técnicos de aviação utilizados dificultando o entendimento de certos elementos.


Por outro lado, o trabalho de pesquisa e entrevistas com funcionários da Boeing pinta um amplo retrato nas transformações da cultura corporativa da empresa, que foi abandonando seus valores iniciais de inovação e segurança para valorizar apenas o valor das ações na bolsa. Os testemunhos e evidências trazidas pelos ex-funcionários revelam os pontos de virada na corporação e como a corrupção dos valores originais fez a produção dos aviões tomar atalhos em termos de segurança apenas para que tudo ficasse pronto o mais rápido e barato possível.

A condução da diretora Rory Kennedy é eficiente em mobilizar nossa indignação pela negligência gananciosa da Boeing e os expedientes covardes que a empresa usou para fugir da responsabilidade dos acidentes, chegando a usar expedientes xenófobos para culpas as companhias aéreas da Malásia e da Etiópia. Do mesmo modo, é difícil não se indignar com os relatos das famílias sobre sequer terem recebido um pedido de desculpas da Boeing ou o fato de que ninguém foi preso após um ato tão flagrante de negligência.

Nesse sentido acaba faltando ao documentário uma crítica à leniência dos governos, especialmente do governo estadunidense nesse caso, com grandes corporações em casos desse tipo. Aplicar multas cujos valores representam apenas uma pequena parcela de seus lucros não serve para desencorajar ações irresponsáveis de grandes corporações, principalmente quando ninguém vai preso ou recebe punições mais duras. Não é à toa que quase todo ano vemos algum desastre evitável provocado pela negligência de uma grande empresa, já que ninguém é punido e apenas aqueles que tiveram suas vidas devastadas por essas tragédias é que sofrem as consequências da irresponsabilidade corporativa.

Desta maneira, mesmo com uma linguagem lugar-comum Queda Livre: A Tragédia do Caso Boeing é uma competente exposição da negligência cometida por uma grande empresa.

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