Por Bruno Porciuncula
É sempre bom ver o cinema nacional arriscando e fazendo um filme de gênero fugindo da comédia. No romântico “Talvez uma História de Amor”, Virgílio (Mateus Solano) é um publicitário que sofre de TOC (transtorno obsessivo compulsivo). Ele mantém uma lista na geladeira com os afazeres do dia e é metódico para arrumar sua mesa no escritório e em casa.
Um dia, ao fazer o café da manhã, Virgílio ouve uma mensagem na secretária eletrônica (sim, ele parece estagnado nos anos 90, com direito a um celular Nokia daqueles com antena e uma televisão com videocassete acoplado).
É a namorada dele, Clara (Thaila Ayala), terminando o namoro. O problema é que Virgílio não se lembra dela. Ele então recorre a amigas e à psiquiatra para tentar (re)encontrar a jovem e entender o que aconteceu.
Baseado no livro homônimo, escrito pelo francês Martin Page, “Talvez Uma História de Amor” conta com uma produção caprichada e uma premissa original, mas peca pela escolha dos atores e roteiro que não tem foco.
Às vezes o filme se concentra no TOC de Virgílio, outras na perspectiva de morte do personagem e, claro, na própria busca por Clara, sem fazer com que esses eventos apareçam de forma orgânica na trama.
O diretor estreante Rodrigo Bernardo conduz bem a história, com enquadramentos que fogem do que estamos acostumados no cinema nacional. Também remete o longa as ótimos “(500) Dias com Ela” e “Sintonia de Amor”.
Elenco irregular
Mateus Solano não parece à vontade como Virgílio. A lista de coadjuvantes é formada por Nathalia Dill, Marcos Luque, Paulo Vilhena, Juliana Didone, Dani Calabresa e até Cynthia Nixon (Sex and the City), que fazem aparições tão rápidas que poderiam ser substituídas por outras atrizes – afinal, convenhamos, nenhuma delas é chamariz para atrair público.
Quem acaba brilhando é Bianca Comparato, que sempre rouba a cena como a neta da vizinha de Virgílio, e Gero Camilo, em rápida, mas marcante, aparição.