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Crítica – Como Seria Se…?

Apesar de vendido como um filme dotado de uma estrutura narrativa inovadora, a produção da Netflix Como Seria Se…? é basicamente uma repetição do que já tinha sido feito há mais de vinte anos atrás em De Caso Com o Acaso (1998), estrelado por Gwyneth Paltrow. Duas narrativas concomitantes que mostram duas vidas diferentes de uma mesma protagonista sem que nenhum dos desfechos seja mais “cânone” que o outro.

Essa ideia de explorar possíveis desdobramentos de uma mesma escolha também já tinha sido explorada por Tom Tykwer em Corra Lola, Corra (1998). É possível que toda a onda de multiverso que tem tomado a indústria hollywoodiana tenha devolvido o interesse a esse tipo de estrutura, mas fazer parecer que há algo de novo quando diretores vem experimentando com esse tipo de formato soa bastante míope.

A trama acompanha Natalie (Lili Reinhart) às vésperas de sua formatura. Depois de transar com o melhor amigo, Gabe (Danny Ramirez), e terminar a faculdade, ela passa mal na festa de formatura. Dando ouvidos ao conselho de uma amiga, ela faz um teste de gravidez e daí a trama se divide em duas, com uma seguindo como seria se ela estivesse grávida e precisasse abrir mão dos planos para ficar com a filha e como seria se Natalie não estivesse grávida e fosse para Los Angeles com a amiga Cara (Aisha Dee) para tentar o emprego dos sonhos.


Confesso que fiquei surpreso ao descobrir que esse filme foi dirigido pela queniana Wanuri Kahiu, responsável pelo ótimo Rafiki (2018), já que não é o tipo de produto que imaginaria ela fazendo. Ainda assim, é a condução de Kahiu que eleva o filme a ser uma mera repetição de ideias da trama estrelada por Gwyneth Paltrow em 1998. Como em Rafiki, Kahiu é ótima em criar uma atmosfera de afeto e leveza sem, no entanto, tirar o peso dos dramas vividos pelas personagens.

A diretora também faz um bom manejo da cor para trabalhar as duas linhas temporais, dando personalidades distintas a cada uma delas e criando marcadores visuais que tornam fácil entender que perspectiva estamos assistindo. Na vida de Natalie em Los Angeles, temos uma predominância de tons de vermelho e roxo, cores quentes que evocam o expansivo universo de possibilidades que se apresentam para a protagonista. Na vida no Texas, morando com a família e cuidando da filha pequena, tudo pende matizes intensas de azul ou cinza. Temi que o uso de cores mais frias fosse indicar que a maternidade fosse ser uma existência mais “triste” para a personagem, mas não é o que acontece. Parece que esses tons evocam aqui mais a introspecção de Natalie que fica mais tempo em espaços fechados.

É curioso, inclusive como essas cores também marcam lugares. Quando a Natalie que teve filho vai a Los Angeles encontrar Cara, a fotografia dessa trama passa a ser inundada pelos tons de vermelho. Do mesmo modo, quando a Natalie de Los Angeles vai visitar os pais, os espaços são tomados por azuis. É como se nesse momento as existências de Natalie se mesclassem conforme elas ocupam diferentes espaços.

O desfecho traz um senso de otimismo, lembrando que não importa o caminho que tomemos enfrentaremos percalços, mas seremos capazes de fazer tudo dar certo. Isso ajuda a dar um sentido que as tramas isoladamente não teriam, já que ambas são tramas de superação bem esquemáticas que não sustentariam um filme por si só. Nas duas, por sinal, o elemento mais frágil são os interesses românticos, já que nem Danny nem Jake (David Corenswet) são personagens lá muito cativantes.

Mesmo não sendo exatamente original na sua estrutura dual Como Seria Se…? se destaca pelo olhar afetuoso da direção de Wanuri Kahiu e pelos elementos da fotografia e uso de cor.

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