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Crítica – A Vida Depois

Em uma das primeiras cenas de A Vida Depois (disponível via HBO Max), a protagonista se levanta da mesa e imediatamente seus pais e sua irmã se levantam como num pulo perguntando se está tudo bem com ela. A garota responde que sim e assim que ela sai a família mostra uma dor contida. Esse breve momento dá a tônica da trama, de como seu olhar sobre o trauma é menos sobre grandes momentos de drama e mais sobre os silêncios, sobre o não dito, sobre o sofrimento implícito que achamos que podemos ignorar, mas inevitavelmente se faz presente.

Na trama, Vada (Jenna Ortega) é uma colegial cuja escola é invadida por um atirador que mata alguns de seus colegas. Na hora do evento Vada estava no banheiro e fica lá escondida ao lado de Mia (Maddie Ziegler), uma das garotas populares, e de Quinton (Niles Fitch), um garoto assustado que entra no banheiro feminino para se esconder dos tiros.

Apesar de não ter testemunhado diretamente os eventos, Vada fica claramente impactada pelo que aconteceu, despertando preocupação dos pais. Por conta da experiência traumática que viveram juntas, Vada e Mia acabam se aproximando na tentativa de lidarem com o que aconteceu. É curiosa a escolha por mostrar essa tragédia sob a ótica de pessoas que não se envolveram diretamente com os eventos, a decisão serve para mostrar como esse tipo de violência deixa marcas até mesmo em quem estava às margens do acontecimento.


A trama também é esperta de não romantizar ou julgar suas personagens, que cometem erros, fazem besteira e tomam atitudes impensadas na tentativa de fugir daquilo que sentem. O texto nunca alivia em mostrar a imaturidade e estado de negação pelo qual Vada passa, mas, ao mesmo tempo, também não a trata como alguém problemática ou ruim, entendendo a complexidade da situação.

Jenna Ortega transmite muito bem o sentimento de letargia de Vada, inclusive com uma linguagem corporal cheia de movimentos amplos e lentos, como se cada movimento, por mais simples que seja, demandasse uma enorme quantidade de energia e força de vontade da garota. Em muitos momentos o filme evita usar música, nos deixando apenas com as interações desses personagens, não permitindo que vejamos ou ouvimos nada além da dureza que aquelas pessoas sentem em seguir em frente, não nos deixando perder de vista a dor subjacente que guia aquelas pessoas.. Ao mesmo tempo, a narrativa consegue encontrar espaços de inesperada leveza e humor, como o segmento em que Vada usa ecstasy para tentar ir para a escola sem ser impactada pelo trauma e acaba sujando o rosto com a tinta da caneta.

Há de se destacar também o trabalho de Julie Bowen e John Ortiz como os pais de Maddie. Ambos demonstrando uma preocupação contida, como sempre estivessem na iminência de tentar perguntar algo ou acalentar Vada, mas se seguram para dar o devido espaço à garota ou por receio que isso piore as coisas. Por outro lado, a cena entre Vada e o pai perto do final no qual ambos botam para fora seus sentimentos acaba resolvendo tudo um pouco fácil demais, mas ao menos o desfecho evidencia que os problemas não desapareceram por completo, reconhecendo o longo caminho que é lidar com esse tipo de trauma.

Longa de estreia da diretora Megan Park, A Vida Depois é uma competente análise do peso do trauma sobre jovens e do percurso longo que é se recuperar disso.

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