Com a urgência de quem transforma criação em gesto de liberdade, Lenine volta à cena com “EITA”, reafirmando sua autonomia artística e o vínculo visceral com o Nordeste. Após dez anos sem lançar um disco de estúdio, o artista retorna com uma obra que exalta a força criadora de suas origens e consolida sua posição de referência na música brasileira. Disponível desde 28 de novembro, o projeto vem acompanhado de um audiovisual em média-metragem, no YouTube, que amplia o universo sensorial das canções e reafirma a habilidade de Lenine de transformar som em imagem – desta vez, assumindo também o papel de intérprete visual da própria obra.
Além de marcar o reencontro do artista com o estúdio, “EITA” é também uma celebração com seus parceiros e com seu coletivo sonoro. São 11 faixas inéditas que cruzam o contemporâneo e a tradição, com arranjos de artistas como Carlos Malta, Henrique Albino e Martin Fondse, sob direção artística do próprio Lenine e produção musical de Bruno Giorgi.
“EITA”, expressão popular que pode ser espanto, encanto ou celebração, dá nome a uma obra em que tudo parte da primeira pessoa. É o disco mais pessoal de Lenine; um trabalho de domínio total sobre criação, gravação, som e imagem. “Empoderei-me de todos os meios, todos os caminhos, todas as etapas”, pontua o artista, que assina cada camada do processo, em uma afirmação de independência e liberdade criativa. O álbum é também uma grande homenagem ao Nordeste, território de origem e imaginação de Lenine, que ressoa em cada batida, palavra e silêncio. Não à toa, é dedicado a Dominguinhos, Hermeto Pascoal, Letieres Leite e Naná Vasconcelos.
O disco reúne jovens compositores, como Carlos Posada e Gabriel Ventura; mestres consagrados (Arnaldo Antunes, Dudu Falcão, João Cavalcanti, Lula Queiroga e Siba), e homenageia o Terreiro Xambá com a força ancestral da família Bongar, que traz seus toques, loas e danças. As participações de Maria Bethânia (“Foto de Família”, de Lenine e João Cavalcanti), Maria Gadú (“O Rumo do Fogo”, de Lenine e Lula Queiroga), Siba (“Malassombro”, de Lenine e Siba) e Gabriel Ventura (“Beira”, de Lenine e Gabriel Ventura) completam o encontro.
Concebido em linogravura e fotografado por Flora Pimentel, o trabalho que estampa a capa de “EITA” é assinado pela artista pernambucana Luiza Morgado. A gravura traduz visualmente o universo afetivo e poético do disco, uma obra que fala de memória, ancestralidade e das relações que atravessam o tempo. “Fui criando um banco de imagens mentais. Aos poucos, percebi que o fio que unia tudo era o afeto. O álbum é uma casa, muito nordestino, muito pernambucano, mas também muito íntimo”, conta Luiza, que mergulhou com Lenine em um processo intenso de trocas e escutas.
“EITA”: um filme para se ouvir; um disco para se ver
Pela primeira vez experimentando outra linguagem, Lenine assina a direção geral do audiovisual ao lado de Kabé Pinheiro e Laís Branco, com roteiro de George Moura e João Moura, e direção artística de Bruno Giorgi. “EITA”, apresentado em tecnologia Dolby Atmos de som imersivo, conduz o espectador por uma experiência visual e sonora pelas canções do álbum, revelando o artista espelhado nos gestos, nos parceiros, nas referências e na família que o cerca. Faixa a faixa, atravessa Recife, Rio de Janeiro e São Paulo, misturando paisagens reais e imaginadas que habitam seu universo afetivo. Após um longo período em que não conseguia “acessar a diversão” – palavras dele – do processo visual, Lenine volta a brincar com a própria imagem, devolvendo à criação o prazer da exploração.
Desde “Olho de Peixe” (1993), quando rugiu pela primeira vez o icônico “Leão do Norte” (hino de Lenine com Paulo César Pinheiro), sua trajetória se pauta pela experimentação. A assinatura no violão polifônico, o diálogo com a música concreta e o uso inventivo da tecnologia transformaram o som de Lenine em linguagem própria. Em “EITA”, o nono de estúdio, esse percurso atinge nova síntese: o hibridismo não como mistura, mas como forma de pensar o Brasil – um país múltiplo, contraditório e em permanente reinvenção.
Mais do que um disco, “EITA” é uma tomada de domínio, um gesto de liberdade e uma celebração da criação como forma de existir. Uma obra que transcende fronteiras e espelha as complexidades, afetos e possibilidades do Brasil contemporâneo. Um projeto que anuncia, com poesia e verdade, que um dos maiores criadores da música brasileira traz boas novas.
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