Com a chegada das estações mais quentes, intensifica-se a busca frenética pelo chamado “corpo de verão”. À medida que praias, piscinas e eventos ao ar livre se tornam o centro das atenções, muitas pessoas embarcam em uma corrida contra o tempo para alcançar a forma física idealizada.
Com isso, uma prática alarmante tem ganhado força: o uso imprudente de medicamentos para emagrecer sem orientação médica. A Dra. Marina Cabral, endocrinologista da CliaGEN, alerta sobre as sérias consequências à saúde, especialmente ao sistema digestivo. “O desejo de emagrecer rapidamente leva muitos a se automedicarem, expondo-se a efeitos colaterais potencialmente graves sem a devida supervisão de um profissional”, adverte.
Os medicamentos para emagrecimento disponíveis no mercado brasileiro atuam principalmente na redução do consumo calórico, seja por controle do apetite, aumento da saciedade ou diminuição da absorção intestinal de gorduras. No entanto, seus efeitos adversos mais comuns afetam diretamente o trato digestivo: constipação severa, diarreia aguda, náuseas intensas, vômitos recorrentes, dispepsia (má digestão ou gastrite) e comprometimento na absorção de vitaminas essenciais.
Riscos do uso prolongado e sem supervisão
A Dra. Marina enfatiza que o uso contínuo desses medicamentos sem acompanhamento médico pode não apenas cronificar os sintomas gastrointestinais, mas também agravá-los significativamente. “Além disso, o manejo inadequado de inibidores de apetite tem potencial para levar a deficiências nutricionais sérias, comprometendo a saúde geral do indivíduo”, alerta.
A endocrinologista ressalta a importância de estar atento a alterações no funcionamento intestinal. “Qualquer mudança significativa no ritmo intestinal, seja constipação severa ou diarreia persistente, deve ser imediatamente comunicada a um profissional de saúde”, orienta, salientando ainda que dores abdominais intensas e contínuas podem ser sinais de complicações graves, como colecistite ou pancreatite, exigindo avaliação médica urgente.
Em contraposição ao uso negligente de medicamentos, a médica recomenda uma estratégia multidisciplinar para a perda de peso, que inclui acompanhamento nutricional personalizado, programa de atividades físicas adequado, terapia farmacológica, quando necessária, sob rigorosa supervisão médica. “É fundamental entender que nem todos precisam de medicamentos para emagrecer. Muitos alcançam resultados excelentes apenas com mudanças no estilo de vida, evitando assim os riscos associados à medicação”, explica a especialista.
Para aqueles determinados a alcançar uma forma física ideal para a próxima temporada, a profissional é enfática: “Busque orientação de uma equipe multidisciplinar, incluindo nutricionista e endocrinologista. A busca pelo corpo ideal não deve comprometer a saúde. O uso responsável de medicamentos, quando necessário, combinado com mudanças sustentáveis no estilo de vida e acompanhamento profissional adequado, é o caminho mais seguro e eficaz para alcançar e manter um peso saudável, não apenas para o verão, mas para toda a vida.