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Crítica – Lisa Frankenstein

Escrito por Diablo Cody (de Garota Infernal Tully) e dirigido por Zelda Williams (filha do comediante Robin Williams) este Lisa Frankenstein tem cara de algo feito para virar cult entre certos setores da cinefilia com sua trama insólita e personagens excêntricos.

A trama se passa em 1989 sendo protagonizada por Lisa (Kathryn Newton) uma garota introspectiva que vive à sombra da meio-irmã popular Taffy (Liza Soberano) e da madrasta opressora Janet (Carla Gugino). Sem sorte com garotos por ser considerada esquisita, as coisas mudam para ela quando acidentalmente reanima um cadáver vitoriano (Cole Sprouse, de Riverdale) durante uma tempestade e decide fazer dele seu homem ideal com partes que pega de outros garotos.


Notas sobre o camp

É uma mistura de Mulher Nota 1000 (1985) com The Rocky Horror Picture Show (1975) e pitadas de filmes do Tim Burton como A Noiva Cadáver (2005) ou Edward Mãos de Tesoura (1990) que inclusive evoca o período e a estética desses filmes. Como em muitos filmes de Burton, Lisa é uma adolescente trevosa em meio a uma pacata comunidade suburbana de classe média tomada por tons pasteis dessaturados.

Os personagens e situações bizarras, como o fato de Lisa atrair garotos de sua escola para locais isolados de modo a matá-los e roubar partes de seus corpos para costurar em seu namorado desmorto, dá um clima excêntrico à produção, flertando com o camp. O problema é que por mais que essas coisas sejam piradas por si só, a execução de tudo isso é comedida demais para acompanhar a loucura da narrativa. A sensação é que falta “excesso” à direção de Williams e também ao trabalho do elenco que nunca entram na vibe de caos e bizarrice que a trama pediria.

A medida do excesso

A única exceção fica por conta de Cole Sprouse como a Criatura. Sem diálogos durante o filme inteiro, Sprouse tem apenas sua linguagem corporal como meio de se expressar e entrega uma composição com gestos mais amplos e expressões mais exageradas. É um trabalho marcado por excessos de caracterização, mas que funcionam pela natureza excêntrica do personagem, uma criatura que transita entre uma doçura ingênua e uma brutalidade implacável. São de Sprouse, inclusive, os melhores momentos do longa, como a cena em que ele entra correndo no quarto no qual Taffy está se pegando com um garoto do qual Lisa gostava e, para o choque de todos os presentes, arranca o pênis do rapaz a machadadas, sendo difícil não rir enquanto a silhueta do membro sai voando pelo recinto em câmera lenta.

São nesses momentos em que o filme finca os dois pés no kitsch que ele funciona melhor, sendo uma pena que a produção não consiga segurar o clima de bizarrice e estranhamento para além desses poucos momentos espaçados. Mesmo com uma trama pitoresca, Lisa Frankenstein carece da energia caótica e excessiva que seria necessária para fazer um material tão insólito funcionar no clima de bizarrice que ele precisaria.

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