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Crítica – O Predador: A Caçada

Apesar de cerca de meia dúzia de filmes, a franquia Predador nunca entregou um filme que fosse tão bom quanto o original de 1987 estrelado por Arnold Schwarzenegger. A tentativa mais recente tinha sido com O Predador (2018), de Shane Black, que fez pouco para revitalizar o personagem. As coisas mudam com este O Predador: A Caçada, que entrega o melhor resultado desde o original.

A trama se passa no início do século XVIII e é protagonizada por Naru (Amber Midthunder), uma Comanche que quer se tornar uma das caçadoras da tribo. O resto dos membros creem que ela não é capaz de passar na provação de caçar algo poderoso, mas quando ela e outros membros da tribo começam a ser caçados por um Predador na floresta, a garota precisará de toda a sua astúcia para sobreviver.

Apesar de se ambientar no passado, o filme tem uma estrutura narrativa bem similar ao original, com um grupo de guerreiros sendo caçado por um Predador na floresta. A diferença aqui é o foco na construção de personagem. Ao invés de ser meramente um tipo “durão” há um arco narrativo envolvendo Naru, sua jornada por amadurecimento e também para ser valorizada por sua tribo.

Amber Midthunder se sai bem em nos apresentar à natureza resoluta de Naru, que insiste em passar pela provação mesmo com todos a aconselhando a não fazer, bem como a sua astúcia de caçadora, capaz de formular planos e antecipar a presa de modo que ninguém mais consegue. Ao mesmo tempo, a atriz dá a Naru uma certa medida de insegurança, como se ela não confiasse plenamente em sua capacidade e duvidasse que seus planos realmente conseguiriam dar certo até de fato realizá-los.

Como o texto e a performance de Midthunder amarram bem essa jornada de amadurecimento e confiança, conseguimos nos envolver com a trama investidos no destino da protagonista e não apenas pelo gore das mortes causadas pelo Predador. A criatura é mais um vilão propriamente dito, um obstáculo na jornada da protagonista, do que uma figura central como em outros filmes, o que não chega a ser um problema aqui.

O desenho de produção inclusive deixa evidente que essa é uma espécie mais antiga de Predador através de equipamentos que remetem às ferramentas clássicas, mas com uma aparência mais rudimentar. A máscara, por exemplo, tem um aspecto mais ósseo do que metálico, enquanto que sua tradicional mira de três pontos dispara dardos teleguiados ao invés do conhecido canhão de plasma. As cenas de ação envolvendo a criatura entregam exatamente aquilo que se espera em termos de violência e brutalidade.

Considerando a escolha de situar a trama no norte do Canadá do século XVIII e de ter indígenas como protagonistas, a ideia de ter essas populações nativas caçadas por um “alienígena” com tecnologia superior que mata por prazer pode ser entendida como uma metáfora para a violência do processo colonial das Américas, quando brancos exterminaram populações indígenas porque eles estavam em seu caminho. O paralelo é feito explicitamente quando Naru encontra um grupo de caçadores de peles franceses e se dá conta de que foram eles, não o Predador, que esfolaram os búfalos na floresta, colocando ambos no mesmo patamar. Os dois grupos são predadores da natureza, mais interessados em troféus, comércio ou o prazer da caça do que viver em harmonia com a natureza.

Ainda assim não diria que é uma produção que visa realmente uma reflexão decolonial, considerando a escolha por fazer os Comanches falarem em inglês. Se a ideia era falar sobre colonialismo teria sido mais interessante deixar esses personagens falarem em seu idioma nativo. Criar metáforas sobre violência colonial e simultaneamente forçar as vítimas dessa violência a falarem no idioma do colonizador que as subjugou é uma contradição temática.

Desta maneira, O Predador: A Caçada entrega o melhor filme da franquia até aqui, com cenas de ação brutais e uma protagonista bem construída, ainda que falte consistência em sua metáfora sobre violência colonial.

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