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Crítica – Nem Tudo é Beleza

Que a indústria da beleza tem um lado cruel já é notório. De como passaram anos fazendo as pessoas se sentirem culpadas por não pertencerem a um certo padrão, passando pelos testes problemáticos em animais e humanos. Ainda assim a minissérie documental Nem Tudo é Beleza, produção da HBO Max, conseguiu me espantar com as práticas escusas dessa indústria.

Produzida por Kirby Dick e Amy Ziering, responsáveis por documentários como The Hunting Ground (2015) e Operação Enganosa (2018), a minissérie se divide em quatro episódios. Cada episódio foca em um tipo de produto específico, como maquiagem ou produtos para cabelo. Cada um deles nos mostra como produtos de beleza que pensamos ser inofensivos são carregados de riscos que não apenas a indústria sabe, como insiste em vender a populações mais vulneráveis.

Recorrendo a entrevistas, imagens de arquivo e pesquisas documentais, a série mostra como a falta de fiscalização do governo estadunidense facilita que as companhias de cosméticos façam o que bem entendem, denunciando a fraude que é a ideia de deixar mega corporações se autorregularem. Apesar de escolhas estilísticas bem tradicionais, a narração de que Keke Palmer ajuda a dar personalidade à narrativa, conferindo seriedade sem, no entanto, soar demasiadamente solene ou denuncista.


É visível que além da denúncia, o objetivo é também a mobilização do espectador a uma rotina de consumo consciente desses produtos, informando possibilidades mais saudáveis e indicando ferramentas nas quais é possível se informar melhor sobre as composições dos produtos. Os casos mostrados são eficientes em construir uma indignação no espectador, a exemplo da informação de que grandes empresas estão cientes há décadas que produtos de pele a base de talco mineral contem resíduos de amianto, mas ao invés de parar de vender simplesmente mudaram o público alvo para populações negras e latinas, como se essas vidas valessem menos. Uma decisão que não apenas revela a falta de escrúpulos dessas empresas, como também um higienismo racista por trás de suas práticas.

Por outro lado, em muitos momentos as informações sobre os danos possíveis de certas substâncias são dadas de maneira vaga, sem explicitar, por exemplo, qual seria o grau ou concentração de exposição que alguém precisaria ter para ser afetado. Com essa escolha deliberada, o filme faz parecer que o mero contato com certos produtos representa um perigo mortal, o que faz muitos momentos soarem irresponsavelmente alarmistas.

Ainda assim, as informações trazidas ao longo dos quatro episódios de Nem Tudo é Beleza soam consistentes o suficiente para repensarmos nosso consumo e também nos mobilizarmos para cobrar um controle mais efetivo sobre as substâncias utilizadas em produtos de beleza.

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