Um dos maiores cantores brasileiros. Um homem que conseguia hipnotizar a plateia a ponto de regê-la em seus shows. Um cantor que foi injustiçado e teve sua carreira interrompida por uma fake news espalhada nos anos 70, de que ele era dedo-duro da Ditadura. Essa rápida assenção e queda de Wilson Simonal podem ser vistas na cinebiografia “Simonal”, que já está em cartaz nos cinemas.
À primeira vista, o que chama a atenção do longa é a performance de Fabrício Boliveira como o protagonista (confira entrevista com o ator AQUI). Incorporando o gingado do cantor, dando seu toque pessoal às performances, o ator baiano se destaca no elenco, que ainda tem Isis Valverde, como a esposa Tereza, e Leandro Hassum (Carlos Imperial), em participação especial.
O roteiro, escrito por Leonardo Domingues, que também dirigiu o longa, capta bem aqueles tempos iniciais da carreira do cantor e não se furta a mostrar o fato mais polêmico da vida de Simonal: o dia em que pediu ajuda para um funcionário do DOPS para “assustar” um contador que ele imaginava tê-lo roubado. A partir daí, a carreira dele tomou um rumo inesperado.
A produção caprichada mostra toda a efervescência do Rio de Janeiro daquela época. Os famosos que são representados no longa, como Erasmo Carlos, Elis Regina,Miele, Ronaldo Bôscoli e outros, são inseridos de forma natural e orgânica, sem parecer que estão lá apenas para ressaltar o período em que se passa o filme.
“Simonal” tem um pecado que aflige os filmes baseados em famosos brasileiros. Durante a projeção, há cenas em que o verdadeiro Simonal aparece, enfraquecendo o ambiente diegético do filme, quando a gente acredita que Fabrício é realmente Simonal. Ao final do longa, não tem problema, e vemos o cantor em vídeos que mostram como ele era uma pessoa divertida.
Que “Simonal” sirva para apresentar esse excelente cantor – a trilha sonora do filme é deliciosa – a uma nova geração e fazer uma reparação, mesmo que bem tardia, à memória de Wilson Simonal.
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