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Cinema

“O que aconteceu com Simonal foi muito sério”, diz Fabrício Boliveira

Fabrício Boliveira está acostumado com personagens densos no cinema. Interpretou João de Santo Cristo, em “Faroeste Caboclo” (2013), Fernando Diniz, em “Nise: No Coração da Loucura” (2015), e Richard, em “Tungstênio” (2018). Agora, o ator baiano está nas telas como o cantor Wilson Simonal na cinebiografia “Simonal”, que já está em cartaz (leia crítica AQUI). E mostra que, além de grande ator, é cheio de ginga.

Para conquistar o papel não foi fácil. Ele precisou participar de três testes com outros grandes atores como Seu Jorge. “Não sei o que aconteceu, mas acabei ficando com o papel. Foi bom contar essa história”, brinca Boliveira. Em Salvador para o lançamento, Fabrício Boliveira conversou com o Bahia Social Vip.

O que te atraiu para fazer “Simonal”?

Max (de Castro, filho de Simonal) me contou a história do pai dele e fiquei com a história na cabeça. Fiquei pensando que a gente precisava tirar esse mistério da cabeça sobre a história de Simonal. Separar onde ele foi culpado e até onde foi injustiçado nessa história. O que aconteceu com Simonal foi muito sério. Destruiu uma família inteira, uma referência de um grande artista negro, o primeiro showman brasileiro, o primeiro artista a abrir seu próprio escritório, cuidar de sua carreira, o que fez o maior contrato de publicidade da história, até hoje, que foi com a Shell. Estava difícil para mim saber que um cara que foi vanguardista em muitos lugares, entrou na história como dedo-duro. Com as possibilidades que tenho como ator, queria contar essa história de outro jeito.

Quais foram as maiores dificuldades de interpretar o cantor? Fazer as gingas dele?

Eu descobri que a ginga do Simonal é a interseção que eu e ele temos (risos). Talvez seja uma coisa que o povo preto dessa cidade e desse país carregue. Claro que não é uma coisa unânime, nem todo negro tem suingue, mas é uma coisa que estava conectada com a gente. (risos)

Então foi fácil?

Foi superfácil porque eu danço. Então esse foi meu recorte sobre Simonal, sobre o corpo dele. Não pareço com ele. Então sabia que a maquiagem teria dificuldade de me fazer parecido com ele fisicamente. Então tinha que buscar por outro lugar.

O seu gestual ficou muito parecido com o dele…

É, e talvez não era nem uma cópia. Foi achar esse gestual dessa época no meu corpo hoje. Eu, Fabrício, se vivesse naquela época, teria esse tipo de suingue que eu saco que ele tem. É difícil quando a gente faz alguma coisa como a cópia de outra coisa, pois dá uma limitada no nosso trabalho. Tive muita sorte, porque apostei em uma coisa que tinha muito a ver com um Simonal feito pelo Fabrício, eu me colocando como artista, mas no final casou como o Simonal de verdade. É a primeira vez que faço alguém que tem imagens no Youtube, que é fácil de encontrar shows, entrevistas e performances.

Por isso você buscou uma ótica diferente para esses shows?

Sim, busquei fazer algo diferente do que já foi visto. Um número foi muito parecido, que foi o do “Meu Limão, Meu Limoeiro”. Mas os outros são totalmente diferentes. Queria que as pessoas tivessem a presentificação de um show real, não de um de Simonal como era, mas um real. Eu suando, dançando… a plateia/figuração tinha que ficar entusiasmada em me ver para não ficar uma coisa fria. Os nossos shows eram de verdade. Parava a gravação, continuava fazendo números, contando piadas, as pessoas subiam, dançavam. Queria que tivesse esse calor real. Algo próximo a Simonal, mas livre.

Aquela cena em que ele sai do teatro para tomar uma cachaça no bar, sendo o apresentador do programa ao vivo, aconteceu realmente?

Então, as pessoas contam que era verdade. Acho que era verdade mesmo. A lenda já é maravilhosa e é maravilhosa essa história.

O filme mostra como Simonal era um cara com autoestima alta e isso o fez crescer na carreira…

Sim, ele era um cara bem resolvido. Conseguiu ter uma assenção social, que isso faz com que se tenha dignidade e olhe as pessoas de uma forma mais horizontal. Imagina que ele teve uma casa própria! Um negro ter casa própria naquela época…

E como foi contracenar novamente com Isis Valverde depois de “Faroeste Caboclo”?

A Isis é minha amiga pessoal. A gente estreou em novelas juntos, em “Sinhá Moça”. Fizemos personagens amigos em “Boogie Oogie”, nossas mães são amigas. A nossa relação vai amadurecendo. E a gente fica atento para não repetirmos o que nossos personagens antigos já fizeram. Mas essa história já é em outra época. Também trabalhamos com Sérgio Pena, que foi o mesmo preparador de Faroeste. Então fizemos um pacto juntos para reconstruir uma nova relação.

Simonal foi “julgado” e “condenado” pela imprensa e artistas por ser dedo-duro dos militares. Você acha que, no momento que estamos vivendo, com julgamentos em redes sociais esse filme serve como um alerta para os perigos desse tipo de “julgamentos”?

Sim, maravilhoso isso que você falou porque envolve fake news. Ele não foi acusado pelo fato de ter batido no contador, mas de delator, ter delatado os amigos dele, Chico, Caetano, Gil. Não tem nada a ver com a história. O filme é um alerta não só porque fala do racismo, mas, de algum jeito é para as fake news. De como a gente replica, a gente clica, a gente julga as pessoas. Estamos em uma época que a opinião tem mais importância do que a própria ação. As pessoas têm que pensar mais em suas ações do que ter que dar suas opiniões sem respaldo nenhum. É por isso que existe uma faculdade de jornalismo, apesar de ter sido jornalistas que, na época, inventaram essa fake news de Wilson Simonal ser delator. James Brown veio para o Brasil conhecer ele, Sara Vaughan também, gente de fora do país. Ele era uma explosão nesse país e no mundo. E esse cara foi tirado da cena por conta de uma fake news.

E quais são seus próximos projetos?

Tenho bastante projetos. Vou estrear “Breves Miragens”, mais um filme denso que faço (risos). Fala sobre o caos do Brasil sob o olhar de um taxista noturno do Rio de Janeiro. Durante as filmagens vi um homem ser assassinado, a polícia me parou. O filme mostra a realidade e deve estrear no final do ano ou início de 2020. Também farei os primeiros capítulos da próxima novela das 21h. É uma participação carinhosa porque gosto de todo mundo que está na produção e a novela é de Manuela Dias, que é baiana. Vou também interpretar Itamar Assumpção em uma “Operita” com Liniker, Negro Léo, Tulipa e Anelise Assumpção em São Paulo, mas tomara que venha para Salvador.

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