Ao tomar conhecimento sobre o filme “Kardec”, a primeira coisa que pensei foi: “mais um filme sobre espiritismo”. Durante a projeção, percebi que estava errado, pois o filme não fala sobre o espiritismo, mas revela a história do educador Hippolyte Léon Denizard Rivail, que ficou conhecido como Allan Kardec.
A trama acompanha Kardec (Leonardo Medeiros), um homem cético, com seus já 50 anos, descobrindo o contato com os espíritos através de médiuns – pois, ele mesmo, pelo menos no filme, nunca viu ou entrou em contato com nenhum espírito que não fosse por outra pessoa. A partir daqueles contatos, sua vida foi transformada.
O filme se concentra na demissão dele de uma escola – após repudiar ter sua aula interrompida para um padre doutrinar os alunos – até o lançamento de seus dois primeiros livros: “O Livro dos Espíritos” e “O Livro dos Médiuns”.
O roteiro, escrito por L.G. Bayão e Wagner de Assis, também diretor, acerta ao dar destaque para o homem Allan Kardec, colocando o espiritismo como algo que o transformou, não como fio condutor da história, passando longe de ser um filme “espírita doutrinário”. Até por que mostra que, antes de ser o “pai do espiritismo”, Kardec era um educador renomado, autor de diversos livros na área.
Leonardo Medeiros se destaca como Kardec, sem exagerar na atuação, mas nos fazendo torcer pelo personagem. Sandra Corveloni também forma uma ótima dupla com Medeiros, interpretado a esposa do protagonista.
O longa peca apenas por, às vezes, ser muito teatral, principalmente nos diálogos. Mas nada que impeça de aproveitar a experiência.
Independente de religião, “Kardec” funciona por mostrar um homem corajoso e determinado, capaz de gerar empatia com qualquer pessoa.
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