A dupla baiana formada pelo escritor, poeta, educador e quadrinista Anderson Shon e pelo ilustrador e quadrinista Daniel Cesart venceu, pelo segundo ano consecutivo, o troféu HQMIX. A premiação, que é considerada o Oscar dos quadrinhos no Brasil, ocorreu nesta quarta-feira (10), em São Paulo, quando eles foram premiados na categoria Relevância Internacional devido às ações realizadas durante uma viagem à África, no ano de 2024, onde lançaram em Luanda o quadrinho “Estados Unidos da África”, além de promover oficinas, atividades educativas e uma exposição na capital de Angola. A obra, escrita por Shon e ilustrada por Cesart, foi lançada no Brasil em 2023 e já havia ganhado em 2024 o prêmio, na categoria de melhor publicação independente de edição única, consolidando dois anos seguidos de reconhecimento.
“Somos dois baianos, fora do eixo Rio e São Paulo, conquistando de forma consecutiva um prêmio. Isso é mostrar que o Nordeste também produz talentos. O Estados Unidos da África já nasceu grande, pois foi o primeiro quadrinho lançado pela Academia de Letras da Bahia, e fica cada vez maior, pois já coleciona seu terceiro troféu. O prêmio deste ano tem um sabor especial porque estar em África foi um sonho realizado, me conectei com os meus, vi minha pele retinta normalizada, ensinei e aprendi com todos que passaram por mim. Eu nem sabia que merecia um prêmio pelo trabalho realizado, mas hoje entendo que cada esforço fez por merecer esse reconhecimento”, conta Anderson Shon.
O quadrinho que nasceu do desejo dos criadores de se verem representados nas histórias, desta vez venceu na categoria que reconhece artistas, obras ou iniciativas que alcançaram destaque e projeção para além do Brasil. A narrativa, protagonizada pelo super-herói Rei Bantu, que sonha com uma África unida, pacífica e livre, conta com uma escrita antirracista, contracolonial e afrofuturista. Além disso, a criação traz referências de nomes como Conceição Evaristo, Bob Marley e Nelson Mandela.
“Esse prêmio traz muita felicidade para a gente, ele não vem só do “Estados Unidos da África”, mas de toda jornada levando nossa arte para o mundo, fomentando, e celebrando a cultura baiana em todo lugar que a gente vá. Esse é um prêmio fruto de coletividade, tem gostinho de dendê”, diz Daniel Cesart.
Após a premiação, os artistas já adiantam que seguem em produção do mais novo projeto: A Última Revolta Malê, que tem lançamento previsto para 2026. A obra, que sairá pela editora Malê, aborda a Revolta dos Malês, levante organizado por africanos escravizados ocorrido em Salvador, no ano de 1835. Considerado o maior movimento de rebelião de pessoas escravizadas da história do Brasil, a revolta é explorada na nova parceria, que pretende ampliar o debate sobre memória, resistência e ancestralidade.
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