Não bastassem todos os outros impactos negativos causados pelo consumo de bebidas alcoólicas, estudos apontam que o álcool é um fator direto de risco para o câncer de mama, mesmo em baixas quantidades. Não importa se é cerveja, vinho ou destilado, o risco está no etanol, presente em todas essas bebidas. “Quanto maior o consumo, maior o risco”, alerta Carolina Argolo – Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia / Regional Bahia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras entidades médicas não estabelecem um “nível seguro” de consumo de álcool para prevenir o câncer — a recomendação é reduzir ou evitar totalmente o consumo.
Mulheres que consomem cerca de 1 dose de álcool por dia,equivalente a uma lata de cerveja, têm um risco 7% maior de desenvolver câncer de mama. Já mulheres que consomem de 1 a 2 doses diárias têm um risco 20% maior. O álcool é classificado como carcinógeno do Grupo 1 pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) — o mesmo grupo que inclui tabaco e amianto.
Vale destacar que, segundo levantamento do CISA com base no Vigitel 2023, em Salvador, 21,9% das mulheres relataram consumo abusivo de álcool (definido como 4 ou mais doses em uma única ocasião no último mês). Em comparação, a prevalência nacional para mulheres é de 15,2% para consumo abusivo.
E nos últimos anos a situação só piorou no país. Pesquisas recentes revelaram que o consumo abusivo de álcool no Brasil tem crescido significativamente entre as mulheres. O número simplesmente dobrou entre essas consumidoras, passando de 7,7% para 15,2%, entre 2006 e 2023, nas capitais do país. Impulsionado por fatores sociais, econômicos e psicológicos, esse cenário acendeu um alerta quanto à saúde feminina, uma vez que elas são mais vulneráveis aos efeitos do álcool.
Mas qual a relação do álcool com o câncer de mama?
Alterações hormonais – o álcool aumenta os níveis de estrogênio e outros hormônios associados ao desenvolvimento do câncer de mama; danos ao DNA – durante o metabolismo, o etanol é transformado em acetaldeído, uma substância tóxica que pode danificar o DNA das células; estresse oxidativo e inflamação – o álcool pode gerar radicais livres e promover inflamação crônica, contribuindo para o surgimento de tumores. O álcool pode ainda potencializar outros fatores de risco, como obesidade, uso de hormônios e histórico familiar.
Fatores sociais e econômicos, como a crescente inserção feminina no mercado de trabalho; fatores psicológicos como ansiedade, depressão e traumas, muitas vezes decorrentes de violências, também atuam como gatilhos para o consumo de álcool. Sem falar na indústria de bebidas, que tem direcionado suas campanhas ao público feminino, associando o consumo de álcool a conceitos de empoderamento e descontração.
O que não podemos perder de vista é que a prevenção do câncer de mama passa por escolhas de estilo de vida saudáveis, incluindo alimentação equilibrada, atividade física e manutenção do peso corporal adequado. E quanto mais cedo as meninas tiverem essa consciência, maior será a chance de se prevenirem contra a doença, que é o tipo de câncer mais comum e o que mais mata entre as mulheres.
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