Há lugares que transcendem o tempo — que se tornam ponto de encontro, abrigo de memórias e parte da identidade de uma cidade. O Boteco do França é um desses lugares. Nascido em beco do Rio Vermelho em 2000, o restaurante chega a 2025 celebrando 25 anos de história, e o faz como viveu até aqui: com alegria, qualidade e novidade à mesa. O aniversário marca o início de uma nova fase, com a inauguração da primeira unidade fora de Salvador, em Praia do Forte, em novembro, e o lançamento de uma nova identidade visual da casa.
A expansão é um passo natural na trajetória de um negócio que cresceu junto com a cidade e que sempre cultivou uma relação de pertencimento com o público. Zé Raimundo, fundador e alma do Boteco, lembra que tudo começou de forma quase despretensiosa, movida por intuição e vontade de fazer diferente.

“Naquela época, abrir um ‘boteco’ era quase um ato de coragem. A palavra ainda tinha um tom pejorativo, mas a gente acreditava que poderia ressignificá-la”, conta Zé Raimundo. O tempo mostrou que ele estava certo: o Boteco do França virou sinônimo de boa comida, cerveja gelada e conversas que atravessam a madrugada.
Do beco à beira-mar: uma nova fase Chegar à Praia do Forte é, para Zé Raimundo, mais do que uma expansão comercial — é um símbolo de maturidade e continuidade.
Hoje, o restaurante também é uma empresa familiar, tocada junto com os filhos, que herdaram do pai o mesmo cuidado e a paixão pelo ofício. A nova unidade nasce sob o mesmo espírito que construiu o original: simplicidade, excelência e afeto.
A escolha de Praia do Forte veio da observação e do carinho pelo público. Segundo Zé Raimundo, mais de 70% da clientela atual é formada por turistas, muitos deles vindos do Sudeste e da Europa. “Era comum ouvir dos clientes: ‘Vocês têm que abrir em Praia do Forte!’”, lembra. Depois de tantos pedidos e de uma estrutura consolidada, a hora chegou.
A casa do Litoral Norte terá projeto arquitetônico assinado por Márcia Meccia, e uma fachada criada pelo artista Bel Borba, ampliando o diálogo do Boteco com a arte — marca registrada também do beco colorido do Rio Vermelho. A filial manterá o espírito do Boteco original, mas com toques que dialogam com o ambiente praiano.
O cardápio será mais enxuto, mas manterá os carros-chefes do restaurante — como o Arroz de Polvo, o Bolinho de Bacalhau, o Camarão Comodoro e o Peixe Belle-Meuniere —, além de algumas novidades pensadas especialmente para o novo público. “A ideia é levar o melhor do que sabemos fazer, mas com um toque de frescor, de leveza, como pede o clima de Praia do Forte”, explica o empresário.
Boemia e boas histórias
O Boteco do França é, acima de tudo, um lugar de histórias e a sua trajetória se confunde com a própria revitalização do Rio Vermelho e com o fortalecimento da boemia soteropolitana. “Sempre acreditei no Rio Vermelho. Quando eu saía do trabalho e vinha para o antigo Mercado do Peixe, via aquele público diverso — publicitários, médicos, advogados, turistas… era um ponto de encontro com uma energia única”, lembra Zé Raimundo.
Foi ali, entre becos e encontros, que nasceu o espaço que se tornaria referência na cidade. “O local que encontramos era pequeno, mas cabia na nossa visão. Tinha o tamanho da gente — no coração e no sentimento. Se fosse em outro bairro, talvez o público não entendesse o que estávamos construindo. No Rio Vermelho, o público boêmio e exigente entendeu e abraçou a ideia”, completa.
Clientes amigos
A essência da casa sempre foi a mesma: comida boa, ambiente acolhedor e vínculos sinceros com a clientela. “A relação com nossos clientes vai muito além da comida. Criamos amizades, lembranças e até histórias inusitadas”, conta Zé Raimundo.
Ele relembra momentos marcantes, como o de uma cliente que, mesmo adoentada, mantinha o ritual de visitar o Boteco. “Ela vinha duas ou três vezes por semana, e mesmo quando precisou usar oxigênio, não deixava de aparecer. Sentava, tomava sua cerveja e dizia: ‘Aqui eu me sinto viva’. É algo que marcou muito nossa equipe”, relembra.
Entre risadas e curiosidades, Zé também recorda a homenagem inusitada a um cliente exigente. “Tínhamos um freguês muito assíduo, o Luiz, que reclamava de tudo — da cerveja, do prato, do copo. Mas era gente boa, amigo dos garçons. Acabamos colocando no cardápio o prato ‘Luiz, o Chato’. Ele ficou bravo na época, mas hoje é uma das histórias mais contadas da casa”, diverte-se.
Nova identidade
A celebração traz também a primeira mudança de identidade visual da marca em 25 anos, desenvolvida pela HWG Branding. A renovação reforça o equilíbrio entre tradição e modernidade — um movimento natural de uma casa que se mantém fiel à sua essência, mas aberta ao novo.
Zé Raimundo conta que a decisão de renovar veio de forma orgânica: os próprios clientes passaram a esperar novidades. “Toda empresa que quer continuar viva precisa inovar. Essa mudança é um sinal de vitalidade, não de ruptura. É uma forma de dizer: estamos vivos, atentos e prontos para mais 25 anos”, resume.
“Quando abri o Boteco, meu sonho era simples: trabalhar para mim e fazer um negócio do qual tivesse orgulho. Hoje vejo que conseguimos muito mais que isso. Criamos uma história de amor por Salvador, pela gastronomia e por cada pessoa que passou por aqui”, diz Zé Raimundo. “Agora é hora de seguir em frente, com o mesmo sabor e o mesmo coração — só que de frente para o mar.”
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