Hamlet, de Shakeaspeare, foi a última peça de teatro que Wagner Moura apresentou, há 16 anos. A última sessão aconteceu em Salvador. Agora, sua reestreia nos palcos também será na capital baiana, de 3 a 12 de outubro, no Trapiche Barnabé, onde encenará Um Julgamento, depois do Inimigo do Povo.
Desde sua última apresentação teatral, o ator baiano se dedicou basicamente ao cinema. Participou de quase uma dezena de filmes, tanto no Brasil quanto no exterior. Ganhou, recentemente, o Cannes de Melhor Ator pelo filme O Agente Secreto, de Kelber Mendonça Filhos. Mas, em coletiva na tarde desta segunda-feira, 22, em Salvador, fez questão de dizer qual é a origem dele. “Sou um ator de teatro. Aprendi as coisas que sei no teatro. Voltar, é sempre entender porque eu atuo”, afirmou o ator, brincando, “Parece que fico mais inteligente quando faço teatro”.
E foi em Salvador onde eles fez questão de estrear o espetáculo. “Eu sou feliz em Salvador de um jeito diferente. Sabe quando você vai ver o avião pousando aqui, você sente uma coisa que você tá chegando em casa? Eu só sinto aqui. Abre a porta, uma arrumação assim. É só em Salvador. O meu axé é aqui”, afirmou o ator.
Julgamento literário
O espetáculo, dirigido por Christiane Jatahy e escrito por ela, Moura e ainda Lucas Paraízo (da série Justiça), se baseia na peça Um Inimigo do Povo, escrito pelo norueguês Henrik Ibsen (1828–1906), um dos fundadores do teatro realista moderno.
Na trama do original, o médico e cientista Thomas Stockmann descobre que as águas do Balneário Termal de sua cidade estão contaminadas. Ao tentar alertar as autoridades para proteger a população e os turistas, ele vê suas intenções fracassarem e acaba condenado como Um Inimigo do Povo, acusado de querer prejudicar economicamente a cidade e de ignorar a vontade da maioria.
Nessa montagem, que é uma obra nova, o público vai participar do julgamento de Stockmann, interpretado por Wagner Moura. “Não queria que o personagem fosse um herói, nem um vilão. Ele é muito contraditório e não me interessava retirar a parte controversa para deixá-lo herói, como já vi em algumas montagens. A ideia do julgamento é trazer o passado para ser revisto”, afirma a diretora. “Queríamos ter a noção de como o público também está percebendo aquilo”, completou. Por isso, na encenação, 11 pessoas da plateia vão ser escolhidas para fazer parte do júri.
“A gente deixa o personagem dizer as coisas que ele diz, não tentamos colocá-lo ‘limpinho’, heróico. Tem uma debate bem equilibrado”, destacou Wagner Moura. “Se a plateia se sente à vontade para entrar na discussão da peça com a gente, chegamos onde a gente queria”, completou Danilo Grangheia, que interpreta o irmão do protagonista e ex-prefeito da cidade. “O julgamento é uma proposta interessante porque a gente está ali tentando convencer a plateia. Isso acaba sendo algo que estimula a todos”, afirmou Julia Bernat, que vive a filha de Thomas.
O espetáculo tem ainda os atores baianos Fernanda Paquelet e Marcelo Flores – e em cada cidade os personagens interpretados por eles serão feitos por atores locais. Também terá projeções com Marjorie Estiano (esposa do protagonista), Jonas Bloch (sogro), Tatiana Henrique (cientista). Além das participações especiais de Salvador e José Moura, filhos de Wagner, interpretando os filhos de Stockmann.
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