A Coleção Recôncavo marca o primeiro conjunto autoral do Estúdio Dendê, unindo referências da cultura popular brasileira à linguagem do design contemporâneo. Criadas pelo baiano Everton Souza, as obras Cadeira Mula sem Cabeça, Sofá Acordeon e Luminária Mandú partem de experiências vividas no interior da Bahia e ressignificam símbolos afetivos, sonoros e festivos por meio de composições formais, volumetrias e escolhas materiais.
A coleção propõe um olhar sensível sobre a ancestralidade e os gestos cotidianos, em diálogo com a inovação e a expressividade do design brasileiro atual.
Sofá Acordeon
O acordeon, também conhecido como sanfona, é um instrumento de fôlego, ritmo e encontro. De origem europeia, ganhou alma brasileira nas festas do interior nordestino. Presente nas noites juninas, nos terreiros de forró e nos festejos de São João, é tocado com o corpo inteiro e se movimenta como um pulmão sonoro.

Foi nesse cenário que Everton cresceu, embalado pela música como ritmo de vida e celebração. O Sofá Acordeon é uma homenagem à fluidez e à flexibilidade do instrumento. Modular e versátil, apresenta base baixa e assento profundo. Quatro módulos independentes podem ser livremente reorganizados.
A inspiração está na forma e na essência. Os volumes do sofá se expandem e se retraem como fole de acordeom, criando diferentes possibilidades de uso. Os tecidos naturais são combinados com uma paleta cromática livre, que rompe com a previsibilidade do bege, do off-white e do cinza. Mais do que um assento, o Acordeon é uma partitura visual. Uma celebração do corpo em repouso e do afeto em movimento.
Cadeira mula sem cabeça
A “Mula sem Cabeça” é uma figura emblemática do folclore brasileiro. Surgida como punição a uma mulher que teria vivido um amor proibido com um padre, ela é transformada em um animal de quatro patas, sem cabeça, com fogo saindo do pescoço. Uma narrativa que atravessa o desejo, a culpa e a repressão.

Everton Souza ressignifica essa história com delicadeza e potência. A criação, feita em metal, remonta à infância do designer no Recôncavo Baiano, onde lendas como essa eram contadas como advertência, mas também como fantasia.
Nada na cadeira é literal. O encosto fechado e curto sugere contenção e invisibilidade. O assento sinuoso acolhe o corpo com ambiguidade, entre conforto e tensão. Os pés posteriores rompem com a lógica da simetria. As proporções desafiam padrões clássicos, instigando o olhar.
A estrutura é inteiramente feita em aço com pintura eletrostática, disponível nas cores preto, areia e azul Jacque, escolha que reforça o caráter contemporâneo da obra, sem abrir mão de sua potência simbólica.
A Cadeira Mula sem Cabeça é um artefato narrativo. Carrega o silêncio imposto às mulheres e a beleza de quem ousa atravessar limites impostos. Uma reinvenção simbólica que afirma o direito de contar e recontar histórias sob novas perspectivas.
Luminária Mandú
O “Mandú” é um personagem tradicional do carnaval do Recôncavo Baiano. A figura é composta por uma veste ampla e uma cabeça cenográfica, sustentada por um longo cabo de vassoura, criando um corpo visualmente distorcido, ao mesmo tempo cômico, gigante e misterioso.

A Luminária Mandú traduz essa distorção poética. Sua coluna alta remete à estrutura alongada da fantasia carnavalesca, mas, ao contrário do esperado, o foco de luz não está no topo. Ele foi rebaixado intencionalmente, posicionado a 1,10 metro de altura. Essa escolha aproxima a luz do campo visual de quem está sentado, criando uma iluminação mais acolhedora, pensada para leitura, escuta e contemplação. A esfera fosca de luz, com 10cm de diâmetro, parece flutuar.
Produzida em aço tubular com pintura eletrostática, a peça está disponível nas cores preto, areia e azulJacque, com bases que variam entre o mármore Piguês e o Travertino Romano. Leve e delicada, a Mandú ilumina com sensibilidade e propõe novas proporções de presença. Uma peça que, como o personagem que a inspira, brinca com escalas e narrativas do corpo popular brasileiro.
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