Morro do Chapéu, na Chapada Diamantina, é um lugar de belezas naturais estonteantes, pinturas rupestres milenares e, sim, até avistamentos de OVNIs – mas isso é papo para outra hora.
O que me trouxe até lá, como jornalista e entusiasta de novas descobertas, foi o surpreendente e crescente universo dos vinhos de altitude. “Temos um terroir muito importante para o vinho. E estamos investindo em melhorias para atrair mais turistas ainda: um portal com uma garrafa de vinho e um avenida especial que levará às vinícolas”, afirma Juliana Araújo, prefeita de Morro do Chapéu.
A região já conta com dez vinícolas, e tive o privilégio de conhecer duas que representam bem essa revolução vitivinícola baiana: Reconvexo e Vaz.
Prêmios e história
Minha jornada começou na Vinícola Reconvexo, fundada em 2019. O que mais impressiona aqui é a audácia de explorar um terroir de altitude, que confere características únicas às uvas. “Somos uma vinícola artesanal, que preza mais a qualidade do que a quantidade. Temos uma área experimental com mais de 13 castas diferentes para testar a adaptação delas em nosso terroir“, explicou João Carlos Ramos, sócio da vinícola.

Não à toa, a Reconvexo já coleciona louros, como o título de Melhor Vinho da Bahia na Grande Prova de Vinhos do Brasil 2025. Além dos vinhos de excelência, a Reconvexo oferece uma experiência gastronômica à parte. O restaurante da vinícola, sob o comando do Chef Lino, é um capítulo à parte.
Ele utiliza produtos locais, como o exótico licuri e o nutritivo arroz vermelho, transformando-os em pratos que harmonizam perfeitamente com os rótulos da casa. Uma verdadeira celebração dos sabores da Chapada.
Em seguida, fui ao encontro da história na Vinícola Vaz. Aqui, a narrativa é contada pelo próprio Jairo Vaz, um verdadeiro pioneiro que desbravou o caminho dos vinhos na Chapada Diamantina. Ouvir sua trajetória é entender a paixão e a visão que transformaram essa região em um polo vitivinícola.

“Produzo uva há mais de 40 anos e participei do processo das uvas do Vale do São Francisco. Depois que fui para a França, e voltei, queria um lugar com clima favorável para variedades mais complexas como Pinot Noir e Chardonay. Acabei vindo para cá”, contou Vaz.
A Vindima e a Tradição da Pisa
Depois da aula de história, foi hora de colocar a mão na massa – ou melhor, nos pés! Tive a oportunidade de participar da vindima, o momento mágico da colheita das uvas que marca o início da produção dos vinhos.

É um trabalho coletivo, onde todos os participantes se envolvem na colheita, sentindo a energia da terra e do fruto.

E o ponto alto da experiência foi, sem dúvida, a pisa das uvas. Essa tradição milenar no universo da viticultura é fascinante. A suavidade e a temperatura natural dos pés são cruciais, pois evitam o esmagamento excessivo das sementes. Isso é vital para não liberar taninos indesejados, garantindo uma extração delicada e preservando a qualidade aromática e gustativa do futuro vinho.

Claro que não resisti e dei minha contribuição, participando da pisa. Sentir as uvas entre os dedos dos pés, o suco fresco escorrendo, é uma conexão visceral com o processo de criação do vinho.

Minha visita a Morro do Chapéu foi muito além de uma simples degustação. Foi uma imersão em um projeto audacioso, que une a beleza natural da Chapada Diamantina à paixão pela viticultura. As vinícolas Reconvexo e Vaz são exemplos claros do potencial dessa região, que promete se consolidar como um destino imperdível para os amantes do vinho e da natureza.
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