Quando escrevi a crítica do fraco Longlegs: Vínculo Mortal, comecei o texto relembrando o genial diretor e roteirista Billy Wilder, que afirmou certa feita: “Se Você tem um problema com o terceiro ato, o problema está no primeiro”. Essa frase me veio novamente à cabeça ao final de A Hora do Mal, que estreia nesta quinta-feira, 7, nos cinemas. Não só porque as tramas tem certa semelhança, mas porque o problema de A Hora do Mal está exclusivamente no primeiro ato.
Na trama, temos um garoto não identificado que conta a história que aterrorizou sua cidade: todas as crianças da mesma sala de aula, exceto uma, desaparecem misteriosamente na mesma noite e exatamente no mesmo horário. A comunidade fica se perguntando quem ou o que está por trás do desaparecimento, que o garoto narrador – que só aparece no início e no final – diz ser uma história real.
A partir daí, teremos duas horas de seis pontos de vistas: da professora Justine Gandy (a sempre eficaz Julia Garner), Archer (outro grande ator, Josh Brolin), Paul (Alden Ehrenreich), Anthony(Austin Abrams), Benedict Wong (Andrew) e, finalmente Alex Lilly (Cary Christopher), o único aluno que não desapareceu. Com o sumiço das crianças, a comunidade local vai tratar a professora como a culpada – de forma completamente gratuita, pois nem isso é bem explorado, não há motivos para culpá-la.
Roteiro quer ser esperto, mas cansa
Dirigido e escrito por Zach Cregger (do ótimo Noites Brutais, disponível no Prime Video), A Hora do Mal tem um problema estrutural e, diria até, de inteligência. Primeiro, a ideia de ter seis pontos de vistas cansa. Vemos cenas repetidas vezes, só mudando o olhar, mas os diálogos são os mesmos. Tudo bem que a cada olhar vamos desvendando mais sobre para onde as crianças foram.
Mas, nem precisa. Pensando um pouquinho só, nem precisa tanto, em 20 minutos de filme, é possível saber, pelo menos, para onde foram as crianças e tudo seria resolvido em 30 minutos – e assim não teríamos que esperar quase duas horas para ver o final.
O vilão é assustador, mas também mal resolvido, pois não fica clara qual é a motivação, simplesmente faz as bizarrices – que geram até um ou outro susto, mas de forma gratuita, com imagens sem explicação apenas para ter o jump scare. Tem uma cena ao final que um personagem acha que matou o outro, que ‘ressurge’ umas dez vezes, tornando algo cansativo – aliás, cansaço é a tônica do roteiro.
Assim como Longlegs: Vínculo Mortal, A Hora Mortal promete um terror que nunca chega ao ápice, com um roteiro que dá voltas para chegar à um final óbvio.
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