Estrelado por Vince Vaughn, Nonnas é aquele tipo de “filme conforto” que a gente sabe que é extremamente clichê, não tem nada que nos instigue ou desafie enquanto espectadores, mas apreciamos pela familiaridade e pela emoção genuína que oferece dentro de um esquema já conhecido de narrativa sobre relações familiares e realização de sonhos.
Comida de vó
A narrativa se baseia em uma história real e é centrada em Joe (Vince Vaughn). Depois de perder a mãe, Joe tenta se reconectar com a memória dela refazendo suas antigas receitas. Daí ele tem a ideia de usar o dinheiro que sua mãe lhe deixou para abrir um restaurante focado em celebrar essa comida italiana caseira, trazendo “nonas” italianas para cozinharem com ele. Assim ele recruta um time formado por Gia (Susan Sarandon), Teresa (Talia Shire, a eterna Adrian da franquia Rocky), Antonella (Brenda Vaccaro) e Roberta (Lorraine Bracco).
Apesar de boas cozinheiras, a personalidade forte dessas senhoras as coloca em conflito, criando problemas no restaurante. As dificuldades também vem do lado financeiro, já que Joe não tem muita experiência com negócios e mesmo com o auxílio do melhor amigo, Bruno (Joe Manganiello), as contas do restaurante não fecham. É tudo bem típico desse tipo de história, sendo bem previsível que as senhoras irão eventualmente dialogar e perceber as dificuldades que cada uma teve que superar e vão cooperar umas com as outras.
O que conquista é o peso emocional que cada uma das atrizes consegue dar a suas personagens, nos fazendo sentir como elas são um produto de tudo com que tiveram de lidar ao longo de suas trajetórias e no senso verdadeiro de amizade que se desenvolve entre elas. É também um retrato bem sincero e afetuoso de comunidades de ítalo-descendentes (diferente de estereótipos presentes em filmes como Amor em Little Italy) e de como o ato de cozinhar não tem apenas a ver com comer e sim com um senso de comunidade e afeto. Como alguém que vem de uma família de descendentes de italianos, acompanhar um ambiente de cozinha repleto de senhoras italianas idosas berrando umas com as outras me fez sentir em casa.
Empreendedorismo performático
O arco de Joe e os desafios do restaurante, bem como sua tentativa de se reaproximar de sua antiga paixão de infância, Olivia (Linda Cardellini), por outro lado, é bem menos interessante. A trama romântica com Olivia se desenvolve de maneira muito fácil e sem muito drama. Já a narrativa do restaurante segue a fórmula desse tipo de história de superação, fazendo parecer que tudo é uma questão de força de vontade a acreditar no próprio negócio, como isso por si só fizesse qualquer obstáculo sumir.
Não importa qual o problema que apareça, ele vai ser rapidamente resolvido por algum deus ex machina do roteiro como que conjurado pelo simples fato de que Joe quer que o negócio dê certo. Em muitos casos a própria narrativa deixa explícito que Joe sequer sabe o mínimo de como gerir um restaurante (incluindo conhecimento de códigos ou regulamentos) e faz parecer que esses problemas são culpa dos outros e não do sujeito que não se preparou para gerir um negócio que abriu por vontade própria.
Felizmente, o elenco de atrizes veteranas dá suficiente alma e coração a Nonnas que a produção consegue trazer o conforto de um almoço de domingo na casa da avó mesmo que seja uma refeição que já consumimos inúmeras vezes.
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