A CAIXA Cultural Salvador recebe neste sábado (21) e domingo (22), o grupo sociocultural As Ganhadeiras de Itapuã, em um show marcado pela representatividade, beleza e história de suas ancestrais, antigas mulheres negras de ganho do período colonial, que viveram em Itapuã, na Bahia, até o final do século XIX. O espetáculo é gratuito, e os ingressos podem ser retirados no site da CAIXA Cultural.
Considerado o melhor Grupo Regional do país, em 2015 no 26º Prêmio da Música Brasileira, As Ganhadeiras de Itapuã reforçam, em forma de música, dança e teatro, a cultura tradicional em um trabalho carregado de originalidade, alegria e brasilidade das mulheres que foram primeiro símbolo representativo do empoderamento feminino no Brasil. Essas mulheres exerciam atividades relacionadas ao “trabalho de ganho”, como a venda de alimentos e a lavagem de roupas na Lagoa do Abaeté, para sua subsistência e para comprar a liberdade de seus familiares escravizados.
Em 2020, as Ganhadeiras de Itapuã se tornaram a grande inspiração para o tema apresentado pela Escola de Samba Unidos do Viradouro no Carnaval daquele ano no Rio de Janeiro. Com o enredo “Viradouro de alma lavada”, uma referência à música “Com a alma lavada”, de Jenner Salgado. A história de luta e resistência dessas mulheres foi contada no Sambódromo Marquês de Sapucaí, para todo o Brasil por meio de um desfile de fantasias e carros alegóricos em uma profunda relação com a própria história da mulher brasileira.
O repertório traz destaque para o chamado ‘Samba de Mar Aberto’, denominação criada pelo diretor musical do grupo, Amadeu Alves, e que caracteriza o jeito e a sonoridade próprias do fazer musical do grupo, que tem na sua alma a força do povo de beira de praia com raízes fincadas na ancestralidade afro-indígena. Além das canções que passeiam entre sambas de roda, cirandas e afoxés, o grupo traz canções autorais, músicas de compositores locais de Itapuã, além de sucessos de nomes reconhecidos nacionalmente como Dorival Caymmi e canções clássicas da cultura popular brasileira.
O diretor musical do espetáculo, Amadeu Alves, ressalta a força dessa representatividade traduzida nas apresentações: “O espetáculo é caracterizado pela força do trabalho coletivo, e tem na beleza e talento dessas mulheres o ponto central que traduz toda sua riqueza, com seu canto ancestral, com uma musicalidade potente que faz ressoar os batuques que atravessam gerações desde tempos imemoriais até as harmonias refinadas que caracterizam a musicalidade brasileira como das mais poderosas do mundo”, explica o diretor musical.
Após as apresentações em Salvador, o grupo segue em turnê pela CAIXA Cultural Recife, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo.