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Crítica – Detetive Alex Cross

Criado na literatura pelo escritor James Patterson, o detetive Alex Cross já está a algum tempo na mira Hollywood, mas os resultados dessas adaptações variavam entre o morno, com os filmes estrelados por Morgan Freeman Beijos que Matam (1997) e Na Teia da Aranha, e o péssimo, com A Sombra do Inimigo (2012), que trazia Tyler Perry como Alex Cross. Talvez o problema tenha sido adaptar os romances de Patterson como filmes e não como séries, já que Detetive Alex Cross mostra que o personagem funciona melhor nesse formato.


Mentes perigosas

A trama acompanha Alex Cross (Aldis Hodge, de Adão Negro), detetive da polícia de Washington e doutor em psicologia, especializado em pegar assassinos em série. Quando um importante ativista negro é encontrado morto, a chefe de polícia coloca Cross no caso na esperança que um investigador negro aplaque os ânimos da comunidade, mas Cross identifica sinais de que o ativista não apenas fora assassinado, como teve sua aparência alterada para ficar similar a um famoso serial killer. Ao curso da investigação Cross descobre outros crimes similares, ligando tudo ao assassino que passa a ser apelidado de Fanboy. Ao mesmo tempo, o detetive lida com ameaças em casa, já que sua família está sendo constantemente atormentadas por figuras misteriosas que parecem conectadas com o assassinato da esposa de Cross anos atrás.

Hodge faz de Cross um detetive arguto, que consegue entender a mente de seus suspeitos e explorar suas vulnerabilidades. Ele também traz alguma vulnerabilidade ao personagem, marcado pela perda da esposa e com dificuldades de superar o trauma, enterrando os próprios sentimentos ao ponto de que eles saem de seu controle. Cross encontra um oponente a altura na forma do assassino Fanboy (Ryan Eggold), que não apenas é um sujeito inteligente e meticuloso, capaz de antecipar os movimentos do adversário, como também é alguém dotado de poder e recursos financeiros o suficiente para manter a polícia longe de si.

Em geral a narrativa é eficiente em construir um tenso jogo de gato e rato entre os dois personagens, mas em alguns momentos a paridade entre os dois leva a trama a impasses que só são resolvidos quando um deles age de modo descaracterizadamente estúpido. O melhor exemplo é o final do quinto episódio, depois de passarem um capítulo inteiro se provocando, o assassino leva a melhor ao divulgar na internet um vídeo antigo de Cross cometendo atos de brutalidade policial e Cross perde a estribeira acusando o assassino publicamente e tentando prendê-lo mesmo sem provas, o que lhe causa muitos problemas.

Considerando o luto mal resolvido de Cross é até compreensível a raiva do personagem ao ter uma vulnerabilidade exposta para o mundo, mas mesmo assim a trama até então tinha nos mostrado que Cross era inteligente o bastante para esperar o momento certo de pegar o suspeito e aqui ele age como um completo idiota tentando prender sem provas um homem rico e poderoso no meio de um evento da alta sociedade. Seria mais inteligente se depois de acusá-lo no meio de todo mundo Cross começasse a rir e dissesse que era uma pegadinha com o anfitrião da festa, dando o recado para o assassino que estava em seu encalço sem, no entanto, arriscar a investigação e a própria carreira.

Polícia para quem precisa?

A série também tenta discutir temas de racismo e brutalidade policial ao começar a narrativa com a morte de um ativista negro e ter como protagonista um detetive negro. A questão é essas reflexões carecem de contundência ou mesmo de qualquer olhar mais complexo sobre temas de raça, poder e discriminação. O resultado é um comentário que fica na superfície ao reconhecer o racismo presente na sociedade, mas que hesita em apontar o dedo para a instituição da polícia como parte desse mecanismo, preferindo tratar condutas discriminatórias como ações individualizadas e não como o resultado de algo estruturado e sistemático dentro da instituição.

Do mesmo modo, ainda que reconheça a importância da ação de militantes de direitos civis em cobrarem para as autoridades sejam responsabilizadas por um tratamento desumano, também coloca a ação desses ativistas como algo que atrapalha o trabalho da polícia, tratando-os quase como um problema para as autoridades. É como se o material temesse fazer qualquer crítica mais dura à polícia, provavelmente porque (como a maioria das séries policiais) a produção é feita em cooperação com a força policial que retrata e eles tem poder de veto sobre como a corporação é representada, e com isso recorresse a simplificações e falsas simetrias. Se a série não quer realmente analisar a complexidade da situação ou apontar verdades duras sobre a atuação da polícia talvez fosse melhor nem trazer à baila esses temas e focar mais nos casos investigados e na intriga entre Cross e os criminosos que ele persegue, já que consegue fazer isso melhor.

A primeira temporada de Detetive Alex Cross consegue construir bem a tensa disputa entre o arguto detetive e o assassino ardiloso que ele persegue, mas derrapa ao tentar construir discussões sobre brutalidade policial e racismo.

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