Em 1970, era publicado o livro A Arca de Noé, com poemas infantis criados por Vinícius de Moraes. Dez anos depois, as letras foram musicadas e cantadas pela nata da MPB como Chico Buarque, Ney Matogrosso, Moraes Moreira, Alceu Valença e Milton Nascimento, mas o poetinha não ouviu, pois faleceu três meses antes do lançamento. Agora, 54 anos depois, o material vira a animação A Arca de Noé, produzida pelo Brasil e Índia, que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 7.
A trama mostra os ratinhos Tom (Marcelo Adnet) e Vini (Rodrigo Santoro), referência a Tom Jobim e Vinícius de Moraes, tentando embarcar na arca de Noé juntos, já que o ancião tinha que levar um animal feminino e um masculino para o seu barco. Claro que, com tantos animais, muitos predadores, a confusão na arca estará garantida, ainda mais com o leão Baruk (Lázaro Ramos) querendo ser o rei da arca também.
Com um elenco de dubladores de peso, que ainda conta com Alice Braga, Seu Jorge, Júlio Andrade, Ingrid Guimarães, Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank, A Arca de Noé é, claramente, voltado para o público infantil, sem tantas camadas como um filme da Pixar. Sua trama bem simples, que fala da importância da amizade, e suas cores, em uma animação muito bem feita, que lembra um pouco o stop motion, devem cativar o público infantil.
E, apesar de parecer, A Arca de Noé não é um musical, daqueles que tem música a cada duas cenas. Ao contrário, foca mais no início e no final, quando tem uma competição de música. É uma delícia ouvir clássicos como “A Casa” e “O Pato”, fazendo com que as crianças adentrem no mundo de Vinícius de Moraes e, se os pais apoiarem, seja uma porta de entrada para outros versos do poeta.
A Arca de Noé acerta ao resgatar uma obra–prima do cancioneiro infantil para um novo público com uma história ágil e direta, do jeito que o público atual gosta, sem tratá-lo como bobo.