Imagino que alguns amantes do vinho tenham torcido o nariz e se arrepiado só de ler o “vinhos em lata” do título. Mas, em pleno ano de 2024, está na hora de todos abrirem a mente para um produto que é prático – pode ser levado para qualquer lugar – e sustentável, já que a lata de alumínio é reciclada e ainda gera menos emissão de carbono na produção e no transporte. E, assim como os engarrafados, pode ser ótimo, já que o que importa é o vinho que está envasado e não a embalagem.
“O mundo do vinho ainda é muito tradicional e conservador, então muitos querem manter aquele ritual de abrir com o saca rolha, olhar o rótulo… “, afirma a sommelière Laura Cavallieri. “Antigamente, como a lata era feita de um material que alterava o sabor e aroma da bebida, não existiam boas marcas sendo envasadas nessa forma. Mas hoje já encontramos uma grande variedade de produtores e tipos de vinho que são ‘enlatados'”, avalia, destacando as marcas Arya Wines, que venceu três vezes o International Canned Wine Competition, e Somm Vinhos, com as bebidas produzidas pela vinícola Miolo.
Rogério Souza, sócio da Decanter, loja de vinhos localizada em Salvador, também é a favor do vinho na lata, apesar de reconhecer que não vende o produto em sua loja. “Ainda não me debrucei sobre o assunto, por isso não comercializamos. Mas acho interessantíssimo o fato de ter uma dose única, para ser usado em eventos, barcos, festas e piscinas. E, em relação à qualidade, assim como os da garrafas de vidro, há os de boa qualidade e os de má qualidade, independente da embalagem”, afirma.
“Já pensou pular o Carnaval tomando vinho?”, brinca o empresário, que continua: “Fora do país, os eventos são com vinho. O que a gente vê acontecer com cerveja em lata, eles fazem com vinho”, diz. Realmente, pular atrás do trio com um blend tinto ou um vinho branco seria bem divertido.
Praticidade para o amante do vinho
O advogado e influenciador digital Felipe Almeida, que dá dicas de restaurantes e vinhos no perfil @almeida1984, valoriza a democratização que o produto traz. “Acho válido tudo que é feito para expandir a gastronomia, mesmo que seja controverso”, afirma, destacando a praticidade do produto, que é fácil de transportar e não precisa de saca-rolhas para abrir. “Também é bom para aqueles momentos em que só queremos beber uma taça, então evitamos abrir uma garrafa para isso”, ressalta, já que as latas contém 269 ml da bebida.
Almeida pontua que entre as desvantagens estão a variedade limitada e a própria qualidade. “Já provei o Vivant e o Lovin. Não foram ruins, mas também não tive vontade de repetir a dose”, diz.
O publicitário Felipe Havok, que gerencia o perfil @muito.gourmet, também tem a mente aberta sobre o vinho em lata. “É uma inovação interessante, especialmente para vinhos jovens e frescos, que não precisam de tanto tempo de envelhecimento. Ele oferece praticidade e acessibilidade, ideal para momentos mais informais. O formato em lata permite que mais pessoas descubram e apreciem o vinho de maneira descomplicada. No final das contas, o importante não é necessariamente a embalagem, e sim a qualidade do vinho que estamos degustando”, afirmou.