Quando Coringa foi lançado em 2019, surpreendeu a todos por mostrar um personagem claramente psicopata, em atuação brilhante de Joaquin Phoenix, que chegou a ganhar um Oscar de Melhor Ator pelo papel. Quando a continuação foi anunciada, ainda mais com a participação de Lady Gaga como Arlequina, a coisa parecia que iria encontrar um novo – e interessantíssimo – rumo. Agora, finalmente, chega aos cinemas nesta quinta-feira, 3, Coringa: Delírio a Dois, um dos filmes mais aguardados do ano.
Na trama, vamos acompanhar o julgamento de Arthur Clarke (Joaquin Phoenix), conhecido como Coringa, após os seis homicídios do primeiro filme. Preso na penitenciária/sanatório Arkham, ele conhece Lee Quinzel (Lady Gaga), uma interna que é apaixonada pelo Coringa por suas atitudes de psicopata do primeiro filme. Enquanto aguardamos a decisão do juri, vemos a influência da jovem em cima do vilão.
É bom que já adiante aqui – caso você ainda não saiba – que o filme é, sim, um musical, e já começa com uma boa animação musical. Então, se você não gosta de musicais, é melhor nem se arvorar a assistir ao filme. Até porque, o melhor do filme é, sem dúvida, os números musicais (e sou um apaixonado pelo gênero).
Mas, longe do pop, as canções são, em sua grande maioria do jazz e blues, cantadas perfeitamente por Gaga ou Phoenix. Para piorar a vida de quem não gosta do gênero, as canções remetem a outros musicais, como “That’s Entertainment” (de A Roda da Fortuna, 1953, que ainda aparece em uma cena).
As partes não musicais do filme nada acrescentam ao primeiro filme. Não conhecemos mais Coringa e, pior, durante o julgamento, ouvimos as testemunhas e médicos repetindo exatamente as mesmas coisas que a gente já sabia, pois assistimos ao primeiro filme. Ou seja, é algo que só aborrece, pois não traz nada de novo, é muita repetição.
A direção de Todd Phillips continua poderosa, assim como a fotografia de Lawrence Sher. E a atuação do excelente Brendan Gleeson, como o agente penitenciário Jackie Sullivan, também se destaca, pena que o personagem dele não tem mais importância na história.
O problema está todo no roteiro, escrito por Scott Silver e o próprio Phillips. A personagem Arlequina tem camadas – que não revelarei aqui por se tratar de spoiler – que poderiam ser muito mais desenvolvidas e tornar o filme interessante. Coringa também parece menos psicopata, a não ser pela sua risada. O amor por Arlequina o deixou mais manso, quando deveria acontecer o contrário, já que ela claramente se apaixonou por ele em virtude da sua vilania.
Para piorar, o final – calma, sem spoilers – ainda demonstra que uma teoria do primeiro filme realmente se concretiza, minimizando tudo o que aconteceu até então.
Coringa: Delírio a Dois tem boas intenções, mas derrapa ao mostrar mais do mesmo, com acréscimos da música e de Arlequina que, por si só, já renderia algo muito mais interessante. Ah, e evite ir na sala Imax, pois não acrescenta nada à experiência.
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