A crise climática se manifesta de diversas formas ao redor do mundo, desde secas extremas até inundações devastadoras, evidenciando a urgência de uma transição energética que reduza as emissões de gases de efeito estufa, especialmente o dióxido de carbono. Nesse contexto, a busca por fontes de energia alternativas não apenas contribui para a mitigação dos impactos ambientais, mas também fortalece as empresas ao torná-las menos vulneráveis a problemas ambientais, além de mais independentes.
Adotar práticas sustentáveis e investir em energias renováveis são estratégias que alinham as empresas aos critérios ESG (Environmental, Social and Governance), cada vez mais necessários para a sobrevivência corporativa nos próximos anos. “Esses parâmetros são essenciais para avaliar o comprometimento das empresas com práticas ambientais responsáveis, impactos sociais positivos e uma governança transparente e ética. Assim, ao integrar fontes alternativas de energia limpa e adotar práticas alinhadas aos princípios ESG, as empresas não só contribuem para a sustentabilidade do planeta, mas também fortalecem sua resiliência e competitividade no mercado global”, afirma o presidente da Associação Baiana de Energia Solar (ABS), Marcos Rêgo.
Portanto, os critérios ESG avaliam as práticas ambientais, sociais e de governança das empresas, fornecendo um indicador claro de seu compromisso com a sustentabilidade. “No aspecto ambiental, as empresas são incentivadas a reduzir sua pegada de carbono, gerenciar eficientemente os recursos naturais e adotar práticas que minimizem o impacto ambiental negativo”, esclarece Marcos.
Socialmente, as práticas ESG promovem a responsabilidade corporativa, incentivando as empresas a tratar bem seus funcionários, contribuir positivamente para as comunidades locais e assegurar que suas operações respeitem os direitos humanos. “Na governança, transparência, ética e responsabilidade são fundamentais para garantir que as empresas atuem de forma justa e responsável”, enfatiza Geovane Luania, conselheiro da ABS.
É válido ressaltar que a transformação para um futuro sustentável exige ação coletiva e compromisso de todos os setores da sociedade, com as empresas desempenhando um papel vital nesse processo. “Ao priorizarem a transição energética e adotarem práticas ESG, as empresas constroem um legado positivo para as gerações futuras”, destaca Geovane.
No entanto, segundo Geovane, o desafio é grande quando se leva em conta as disparidades nos investimentos em energias fósseis e renováveis. Segundo o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), entre 2018 e 2022, foram alocados nos setores elétrico e energético R$ 334,6 bilhões em subsídios para os combustíveis fósseis, enquanto para as renováveis foram apenas R$ 60,1 bilhões. No período, os subsídios aos derivados de petróleo cresceram 123,9%, ao passo que os destinados às renováveis aumentaram 51,7%. Nos últimos cinco anos, a cada R$ 1 investido em renováveis, foram gastos R$ 5,6 em fósseis.
“Essa disparidade impacta diretamente na população, visto que investimentos desproporcionais em energias fósseis perpetuam a dependência de combustíveis poluentes e contribuem para problemas ambientais, como a poluição do ar e as mudanças climáticas. Além disso, a falta de incentivo adequado para as energias renováveis pode limitar o acesso da população a fontes de energia mais limpas e sustentáveis, prejudicando o desenvolvimento socioeconômico e a qualidade de vida das comunidades”, frisa Marcos.