A vinícola UVVA foi inaugurada há dois anos em Mucugê, região da Chapada Diamantina, na Bahia. Com sua imponente sede de arquitetura contemporânea, de visual estonteante, de frente para paredões rochosos e cercada de rios e cachoeiras, se firma como uma revelação no enoturismo brasileiro.
Seus vinhos, frutos de um terroir especial aliado à alta tecnologia – conquistaram importantes prêmios nacionais e internacionais. Para celebrar a data e as conquistas, entrevistamos o CEO da UVVA Fabiano Borré. Confira abaixo:
Como nasceu o sonho de criar a vinícola UVVA em Mucugê?
No início, tudo que se tem é uma ideia. Creio que o sonho surge a partir do momento em que se percebe a dimensão e o potencial daquilo que se pretende. No caso da UVVA foi exatamente assim, cada etapa vencida nas pesquisas técnicas, nas discussões com os parceiros ou nos estudos de projeto, trazia mais segurança e nos fazia acreditar no sonho de ter grandes vinhos na Chapada Diamantina.
Claro que quando criamos algo, queremos ter sucesso, mas vocês já esperavam tantas premiações e tanto reconhecimento em tão pouco tempo?
Sendo muito sincero, a trajetória da UVVA tem sido uma surpresa positiva. Obviamente que falar de resultados é denotar realizações e, nesse sentido, o foco se vira para os vinhos e as chancelas de reconhecimento. Acreditamos que esta realidade é consequência do nosso objetivo primário e que foi definido muitos anos atrás, de sempre buscar fazer o melhor possível dentro das nossas condições. Este também é o espírito que se encontra em cada membro da nossa equipe e que contribui decisivamente para a UVVA ser o que é. Mas não são as notas e medalhas que nos motivam, embora sejam importantes para nortear o trabalho. Nosso resultado está em ver os vinhos sendo bem recebidos pelo mercado e as pessoas felizes ao visitar a Vinícola.
Qual o balanço que você faz desses dois anos?
De muito aprendizado. Nesses dois anos abertos ao público, alcançamos a marca de 15 mil visitantes na Vinícola, que vem se consolidando no cenário enoturístico e contribuindo decisivamente para o estabelecimento deste novo terroir. Quem visita a região de Mucugê, tem na UVVA a oportunidade de uma experiência que só acontece aqui. Há uma feliz junção de natureza, paisagens exuberantes, história, arquitetura, arte, gastronomia e, claro, nossos vinhos, alguns dos quais, comercializados exclusivamente na loja da UVVA. Também trouxemos de maneira muito distinta ao mundo do vinho outros dois grandes atrativos, que são a exposição de arte instalada em nossa Cave, do artista Marcos Zacariades, e as programações da Vindima. Durante o mês de julho, em datas específicas, geralmente duas vezes por semana, o visitante tem a oportunidade de passar um dia inteiro na UVVA, com uma programação completa de gastronomia e cujo foco é a colheita e processamento das uvas, passando pelos processos iniciais de vinificação.
Qual é o vinho “carro-chefe” de vocês?
Na verdade, não existe um “carro-chefe”, mas podemos dizer que o nosso Sauvignon Blanc tem tido uma aceitação extraordinária e tem rompido com alguns paradigmas. Junto com ele na linha de brancos, temos um Chardonnay e nos tintos o Cordel, vinhos que, por possuírem um volume maior de produção, acabam sendo mais conhecidos pelo mercado. Uma surpresa recente foram os espumantes, um Nature e um Extra Brut, ambos vinificados com Chardonnay e Pinot Noir e que foram extremamente bem aceitos, mostrando que esse terroir de Mucugê certamente fará belas entregas dessa bebida que é símbolo do vinho brasileiro.
O baiano abraçou a UVVA? Foi receptivo a essa novidade?
Nós abraçamos a Bahia, quando há quatro décadas os desbravadores da nossa família escolheram esta terra para se estabelecerem, e a Bahia e os baianos nos abraçaram e abraçam a UVVA. São sentimentos de satisfação, orgulho e pertencimento que são recíprocos. A receptividade dos vinhos tem sido muito positiva e a curiosidade sobre este novo terroir baiano tem aguçado o mercado, mas ainda existe um grande trabalho pela frente para que os rótulos se tornem mais conhecidos. Alguns paradigmas precisam ser rompidos, principalmente no tocante ao vinho nacional. Nesse sentido, apresentar um produto novo exige um esforço extra, principalmente se considerarmos um mercado bastante vasto e competitivo.
Como tem sido a visitação à Vinícola? Vão mais brasileiros, tem muitos estrangeiros?
A maior parte do nosso público é do Brasil, mas temos estrangeiros de diferentes nacionalidades. O curioso é que o enoturismo atrai também um público específico, que geralmente já conhece e teve experiências em outras vinícolas e regiões. O que se soma ao tradicional visitante em busca de aventura, visto que a Chapada Diamantina já é um destino turístico internacionalmente conhecido, principalmente para os apaixonados por trekking. Mucugê é uma cidade encantadora com atrativos em diferentes épocas do ano e o privilégio de possuir um conjunto arquitetônico único, tombado pelo Patrimônio Histórico, inclusive. Cada vez mais entendemos esta cidade como um destino único, capaz de realizar entregas tanto inusitadas quanto especiais.
A vinícola tem espaços para realizações de eventos, como casamentos, por exemplo?
Ainda não, mas essa é uma iniciativa que está nos nossos planos de estruturação. Atualmente, temos realizado eventos corporativos de pequeno porte, que se encaixam em nossas instalações e para os quais possuímos condições ideais de atendimento.
Qual é a experiência mais luxuosa da visitação à Vinícola Uvva que você indicaria aos leitores do Bahia Social Vip?
É possível chegar à UVVA de avião ou helicóptero, pois existe aqui um aeródromo oficial, com balizamento noturno e receptivo. Essa sem dúvida seria a maneira mais confortável de se chegar a Mucugê. No tocante às experiências, o momento mais aguardado por toda vinícola é o período de colheita, a vindima. Aliás, na UVVA, ela está se aproximando, pois acontece todos os anos nos meses de junho e julho. Construímos um modelo distinto, em que as pessoas passam o dia conosco, aprendendo e celebrando este momento. Após uma breve apresentação sobre a UVVA, o terroir e as técnicas de colheita, inicia-se uma jornada prática dos principais processos, da colheita à mesa de seleção, alocação das uvas nos tanques e preparação para o início da fermentação. Na sequência, um almoço preparado pelo nosso chef André Chequer em meio aos vinhedos, acompanhado de vinhos exclusivos fecha o programa.