Em determinada altura do filme, Nicky Winton (Anthony Hopkins) diz: “Passei a controlar a minha imaginação para não enlouquecer”. Dá para entender. Em 1938, ele foi o responsável pelo salvamento de centenas de crianças das garras do nazismo. E as que ele não conseguiu salvar? Era realmente melhor não ficar conjecturando. Essa trama é a que nos leva a Uma vida: A História de Nicholas Winton, que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 14.
Com a Checoslováquia sendo invadida pelos alemães ainda na pré-segunda Guerra Mundial, o jovem Nicholas Winton (Johnny Flynn), um corretor de ações, vai para Praga e vê a realidade dura da guerra. Ao fazer parte do grupo para refugiados, ele tem como meta levar as crianças para Londres e evitar que os nazistas, que estão invadindo o país, as capturem. Com a ajuda de Doreen (Romola Garai), Trevor (Alex Sharp) e a própria mãe (Helena Bonham Carter), ele fará de tudo para evitar o pior.
Com direção de James Hawes (da excelente série Slow Horses), Uma Vida: A história de Nicholas Winton apresenta uma história real que se assemelha ao espetacular A Lista de Schindler. Hawes tem domínio da história, contando a (dura) história de forma envolvente e cativante, equilibrando bem os elementos do roteiro (escrito por Lucinda Coxon, Nick Drake e Barbara Winton), como diálogo, desenvolvimento de personagens e ritmo narrativo.
As idas e vindas entre o passado, com o jovem Nicholas Winton, e o presente, com o personagem idoso, é fluido. Favorece também as excelentes atuações de John Flynn e Anthony Hopkins. Os dois, apenas com olhares e gestos, conseguem passar todo o sentimento do personagem principal.
Com 1h50 de projeção, prepare para levar o lenço, pois os 40 minutos finais são de fazer qualquer um chorar – e a atuação de Hopkins atinge um patamar que pouquíssimos atores conseguem.
Uma Vida: A História de Nicholas Winton, apesar de se passar no início da segunda guerra, é, infelizmente, atualíssimo, e merece a ida ao cinema para assistir à um grande filme, que choca e emociona.