Estreia nos cinemas nesta quinta-feira, 12, o longa “Meu Nome é Gal” (confira a crítica aqui), cinebiografia que mostra a história de Gal Costa de 1966, quando saiu de Salvador para o Rio de Janeiro, ainda tímida, até 1971, quando estreia o show “- FA – TAL”.
A ideia do longa surgiu após o documentário “O Nome dela É Gal”, de Dandara Ferreira, que também dirigiu “Meu Nome é Gal”. E contou com a bênção da própria Gal Costa, ainda mais quando Sophie Charlote se uniu ao projeto. “Gal dizia que Sophie tinha a ternura no olhar que ela tinha naquele período do final dos anos 60”, disse a diretora Dandara Ferreira em entrevista coletiva em São Paulo que contou com a participação do Bahia Social Vip.
“O convite veio através de um telefonema de Dandara [Ferreira] e Lô [Politi]. Eu disse um sim absoluto, porque realmente precisa de muita coragem na vida e nesse ofício. Ela autorizou, incentivou e estava curtindo. Eu encontrei com ela [Gal Costa] e me senti muito abençoada por ela ter permitido essa honraria”, explicou Sophie.
O longa demorou 6 anos para ficar pronto, entre idas e vindas do roteiro e o fim da sua produção. “Fui me aproximando de Gal e descobrindo a sensibilidade. O filme conta um pouco, através dos olhos dela, tudo o que ela absorveu e que estava acontecendo ao seu redor, transformando na sua obra, na sua arte”, afirmou a atriz.
A atriz se emocionou ao falar dos colegas de elenco Luis Lobianco, que interpreta o empresário Guilherme Araújo, e Camila Márdila, que vive Dedé. “Foi um prazer trabalhar com eles dois. Quando a câmera liga, podemos ver toda a qualidade deles fazendo seus personagens”, disse a atriz.
A cantora, que faleceu em 2022, não chegou a ver o filme completo, mas assistia algumas cenas filmadas. “Ela disse que queria ser surpreendida no cinema e esse filme é uma declaração de amor para Gal”, confidencia a diretora.
“Dizer que o conflito dela é a timidez é muito pouco. Queríamos um filme que fosse levado pelo momento interno de Gal. Do corpo para dentro”, disse a roteirista Lô Peliti.
O filme também foi uma oportunidade de ter outro ponto de vista sobre a Tropicália e o fim dos anos 60. “A gente só acha vozes masculinas falando sobre a Tropicália. Sempre é Gil e Caetano. Não que isso seja ruim, mas sempre quis ouvir um pouco mais sobre o as vivências de Gal”, afirma a diretora Dandara.
As vozes
“Sempre amei cantar, mas o meu canto tem uma distância enorme da de Gal. E, mesmo que tenham filmes que misturem a voz do ator com a do cantor, pedi que as músicas fossem as originais”, explicou Sophie.
“Optamos por colocar na primeira cena, Sophie cantando para mostramos que ela canta muito bem. A partir daí, todas as músicas do filme são fonogramas originais na voz de Gal Costa”, destacou aLô Peliti.
Baianos em cena
Contando a história de uma baiana, não poderiam faltar baianos em cena. Os atores Dan Ferreira e Rodrigo Lelis deram vidas a Gil e Caetano, respectivamente. Já dona Mariah, a mãe de Gal, foi interpretada pela atriz baiana, rainha dos teatros, Chica Carelli.
“Encontrei Chica no espetáculo “Por Que Hécuba”, de Márcio Meirelles, e, na mesma hora a imaginei como a mãe de Gal”, disse Dandara. O ator Rodrigo Lelis também participava do espetáculo, mas não foi daquela vez que ele foi descoberto por Dandara.
“Participei de um processo de testes e passei. Desde o principio, nunca quis imitá-lo. Tentei buscar em mim aquele personagem. Quando entendi isso, a responsabilidade caiu 50%. Foi uma honra enorme fazer Caetano. Foi divertido e gostoso”, disse Rodrigo.