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Perfil

Valeska Calazans: empresária da gastronomia com mente inquieta

Nascida em Caratinga, Minas Gerais, chegou na Bahia para abrir um dos melhores restaurantes italianos da cidade

Valeska nasceu em Minas Gerais e adotou a Bahia como lugar para viver ao lado do marido, o chef Celso Vieira
Valeska nasceu em Minas Gerais e adotou a Bahia como lugar para viver ao lado do marido, o chef Celso Vieira

Quem já foi no Pasta em Casa, certamente viu uma simpática mulher que chega em uma mesa, pergunta se está tudo bem, vai na outra, questiona se tá faltando algo e começa a puxar uma agradável conversa. Pois ela é Valeska Chálabi Calazans, proprietaria, ao lado do marido, o chef Celso Vieira, do Pasta em Casa.

Valeska consegue falar olhando no olho, mas presta atenção em tudo a sua volta. Um barulho de algo na cozinha, uma movimentação de alguém chamando o garçom. Nada escapa da atenção dela. Não à toa, administra com sucesso o restaurante italiano e a Casa Chálabi, além de promover o festival San Gennaro, tudo ao lado de Celso Vieira.

Mas essa história começou lá atrás, quando o avô libanês da empresária, Tufi Chálabi, desembarcou no Brasil aos 19 anos, mais precisamente em Caratinga, interior de Minas Gerais, onde Valeska nasceu, mas se mudou logo aos 2 anos para Ipatinga, também interior mineiro.

Já em sua nova cidade, a pequena Valeska – que sempre foi inquieta – não queria saber brincar de boneca. Ela gostava era de trabalhar de lojinha, e a veia comercial já aparecia. Ela armava uma barraca, com pano e tudo, e se sentia à vontade, era uma zona total de conforto. “Fazia limonada, algumas coisinhas e vendia tudo. Meu pai só não deixava em vender cigarro picado”, lembra ela, terceira filha de quatro.

Das salas de aula às vendas

Sempre precoce, casou pela primeira vez aos 18 anos e se formou em Pedagogia. Trabalhou em uma escola em Ipatinga e com reeducação psicopedagógica. Mas o tino comercial e a facilidade de vender começou a fazer ela desviar sua rota, ainda mais que a mãe, Gilda, era comerciante, com cinco lojas de multimarcas de roupas em Ipatinga, dentre elas a última franquia da Zoomp no Brasil. Já o pai, Orlando, trabalhava com transporte.

“Minha mãe tinha um anexo na loja que era grande, arborizada, muito bonita. Lembro que ficava sentada no chão, vendo as amigas dela comprando as roupas e dizia com sinceridade: ‘Essa não tá boa, não. Essa ficou boa!'” afirma a sempre sincera Valeska.

Quando se separou, aos 26 anos, foi para Belo Horizonte, sem saber que rumo tomar, ainda indecisa se iria estudar mais. No entanto, foi convidada por uma amiga para trabalhar na Yes Brasil. Foi sincera, revelou que nunca havia trabalhado em loja, apenas entrava na da mãe para pegar roupa para ela. Mas, aceitou o desafio e foi ali que realmente descobriu a excelência dela: atendimento, relacionamento e vendas.

“Um dia, quando já trabalhava na loja Metrópole, a maior multimarcas de Minas, que vendia Forum, um cliente entrou querendo comprar a calça jeans mais barata que tinha. Consegui vender o que ele queria e ainda a camisa mais cara da Forum. Pensei: opa, eu entendo disso!”

Valeska Calazans

E o mundo de vendas a levou para a moda. Mesmo sem ter feito nenhum curso, a vivência em lojas de multimarcas foi importante. “Sou muito ligada a estética. Como era do comercial, sempre dava palpite no estilo”, afirma. Podemos ver muito da noção estética dela nos restaurantes que comanda, já que ela pensa em tudo, ao lado de Celso.

São Paulo: onde acontecem dois grandes momentos da vida

Sem nunca ter ido a São Paulo, Valeska recebeu a missão de ir para a capital paulista abrir a Patachou – grife mineira que estava chegando na cidade e por qual ela trabalhou por 17 anos.

Foi um grande salto na vida, mas para começar, precisou da ajuda da mãe, que foi com ela. Morou com outra mineira perto do Shopping Iguatemi, onde iria trabalhar. “Os primeiros meses eu fazia todas as alimentações no shopping, pois não conhecia ninguém e trabalhava muito”, disse.

Celso e Valeska: um encontro de almas

Seis meses depois, ela conheceu o professor de gastronomia, dono de restaurante, tradutor de livros de gastronomia e chef Celso Vieira, que estava separado. “Ele era um cara muito gentil e aí rolou. Três meses depois já estávamos morando junto. O levei para conhecer minha família e estamos juntos há 28 anos já”, diz.

E quando se fala em Celso, os olhos de Valeska brilham pelo marido, dizendo que conhecê-lo foi o primeiro grande momento da vida. “Ele é fera. Uma pessoa maravilhosa para se ter do lado. Humanista, educado e inteligente”, derrete-se.

Com a filha Isabel já com 1 ano – a chegada dela foi o segundo grande momento da vida de Valeska – a família partiu para Salvador.

Bahia é a nova casa

O chef Celso Vieira passou em um concurso para dar aula na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Foi o momento que os três foram para a capital baiana. “Já cheguei adaptada. De cara foi bom. Fomos muito recebidos. E ele dizia que precisávamos abrir nosso negócio”, diz.

Estava surgindo o terceiro grande momento da vida de Valeska, o início do Pasta em Casa, criado como uma rotisserie numa rua Professora Almerinda Dultra ainda pouco explorada no Rio Vermelho.

Primeira equipe do Pasta em Casa: chef Celso, Valeska, Bete, Marilene e Anaelton. Todos seguem no Pasta

O projeto, criado em 2011, era de ter uma comida de qualidade, fresca e artesanal para o cliente levar congelada para casa. E, após empréstimos para conseguir montar o negócio, o Pasta em Casa saiu do papel. Quando uma matéria sobre a rotisserie saiu em uma página inteira de jornal, a coisa passou a ficar mais série ainda e, três anos depois, surgiu o restaurante ao reformarem uma casa na parte de cima do Pasta em Casa. “Brinco que o Pasta é uma entidade para qual a gente trabalha. Sempre que viramos o rumo, o próprio Pasta em Casa faz a gente voltar”, brinca.

O restaurante trouxe para a cidade o formato de cozinha aberta, onde os clientes podem ver os pratos sendo preparados. “Não tinha nenhum restaurante aqui que tinha a cozinha exposta. Trouxemos também a questão da comida de qualidade com preço justo”, afirma.

Atendimento de excelência

Quem já foi no Pasta em Casa percebe que, além da ótima gastronomia, com massas leves e frescas, o atendimento é um diferencial. Valeska tem como lema “Gastar três quartos do tempo afiando o machado para cortar a árvore”. Há todo um cuidado com a preparação dos colaboradores. Antes de abrir o Pasta em Casa em Alphaville, todos ficaram um ano treinando para aprender a expertise do local.

“Não é simplesmente executar uma receita, é saber a cultura do Pasta em Casa no tutano dos ossos. Damos treinamentos, nos preocupamos com eles, não é à toa que nossa rotatividade é baixíssima e temos funcionários que estão conosco desde que o Pasta abriu”, destaca.

Com isso, a história da moda foi passando para a gastronomia. O casamento foi perfeito: Valeska cuida do comercial e da parte estética, que também conta com o apoio de Celso, e o chef se encarregava da parte da cozinha.

“O que aprendi com tudo isso é que o crescimento empresarial você aprende é na dor. Hoje entendo muito mais de gestão e processos, mesmo lendo e estudando muito, mas na prática é que aprendemos”

Valeska Calazans

A filha Isabel, agora com 13 anos, considera o Pasta em Casa o seu irmão. “Quando era pequena, ela vinha e ficava lendo no cantinho, enquanto trabalhávamos. Depois, passou um período sem querer vir. Agora, adolescente, acha legal ser dona do Pasta em Casa, pois o público teen aqui é bem forte e os colegas dela também vem”.

Pandemia fez surgir nova criação

Em março, quando tudo fechou por conta da pandemia, Valeska e Celso tomaram duas atitudes: a primeira foi sair do iFood e investir no e-commerce da marca. “A gente já estava bem avançado nisso, com embalagens e tudo o mais, inclusive ajudamos outros colegas daqui de Salvador”.

Casa Chálabi começou como delivery até ganhar unidade própria no Horto Florestal

A outra certeza foi de que não demitira ninguém. “Ficamos com os 33 colaboradores que tínhamos na época. E trabalhamos muito por conta do delivery”, explica.

O mais novo empreendimento, a Casa Chálabi surgiu nessa época. “Estava em um sítio de um amigo e criamos a Casa Chálabi. Trouxemos para Salvador cozinheiras que trabalhavam na família há mais de 40 anos, que ficaram aqui 15 dias fazendo a comida com Celso, qual o tempero dos Chálabis… foi muito legal”, lembra.

“O mais legal dos projetos são as pessoas. “

Valeska Chálabi

Inicialmente, foi como delivery, depois surgiu a unidade no Horto Florestal, montada há um mês, após um ano e meio como experiência na famosa calçada do Pasta em Casa. “Foi um resgate da família, pois havíamos perdido quatro pessoas por conta da covid, e muito emocionante toda essa preparação.”, afirma.

Os planos são para levar a Casa Chálabi para todo o país.

Não é só trabalho

Sim, pelo que o querido leitor leu acima, fica difícil imaginar quando Valeska tem um momento de descanso para relaxar. Mas existe. Morando no Litoral Norte, para ter uma qualidade de vida melhor, Valeska gosta de recebe os amigos em casa, ouvir música, cozinhar e viajar, principalmente para lugares urbanos, como Istambul, na Turquia, que é o melhor lugar do mundo para ela. “Me conectei muito com o país, sempre que posso, gosto de ir para lá”.

Valeska e a filha Isabel

Também produz a San Gennaro, festa tradicionalíssima que acontece nas cidades de Nápoles, Nova Iorque e São Paulo. Em Salvador, reúne barracas gastronômicas com alguns dos melhores restaurantes italianos da cidade, oferecendo comida no formato de rua a preço acessível e apresentando uma programação cultural eclética e diversa. Já tiveram duas edições cheias, na rua do Pasta em Casa. “Estudamos tudo sobre festas de largo para fazer a nossa e já estamos preparando a terceira edição”, diz.

Não só Valeska chegou conquistando a Bahia com sua luta e simpatia, mas a Bahia também foi conquistada por ela e suas ideias que renderam lugares com ótima gastronomia e ambiente agradável para podermos apreciar o melhor da comida italiana. Vida longa às ideias de Valeska Chálabi Calazans!

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