Arquitetura e Decoração

Arquiteto propõe, na Casacor, reflexão sobre o banho como o tempo de restaurar o equilíbrio

Equipe do arquiteto se debruçou sobre o tema “rituais de banho” ao longo da história humana e optou pela divisão do espaço em três ambientes

Fotos | Divulgação

A velocidade do mundo produtivo tem invadido todos os espaços da vida humana, impondo um tempo reduzido para que as pessoas possam se dedicar a si mesmas, à sua saúde física e mental. Atento a isso, o escritório de arquitetura Andrade Schimmelpfeng, que participa pela segunda vez da Casacor Bahia, traz na edição 2023 da mostra uma provocação ao mesmo tempo estética e reflexiva: uma sala de banho cuja ideia é “a evocação dos significados milenares do banho como o tempo do cuidado afetuoso consigo próprio”. A mostra fica em cartaz até o dia 24 de setembro, no antigo casarão da família Ribeiro Pinto, na Alameda dos Sombreiros, 440 – Pituba, a poucos metros da Espatódea,

A preocupação com a hora do banho, como um tempo para si, para relaxar, se acalmar, vem ressurgindo em projetos arquitetônicos nos últimos anos, a exemplo de banheiros de suítes de casal com duas cubas individuais ou na presença de uma jacuzzi para relaxamento, eventualmente um jardim de interior associado ou até mesmo dois banheiros exclusivos.

O que o arquiteto Walter Schimmelpfeng propõe com o seu projeto é um salto qualitativo. “Num mundo marcado por incertezas e frustrações, o momento do banho pode ser o tempo sagrado do indivíduo purificar o corpo e o espírito. Nosso espaço traz para dentro de casa o banho de cacheira e de rio, a natureza. Com isso, procuramos remeter a memória ao tempo de restaurar o equilíbrio, de fugir da ducha automática”, afirma.

. O arquiteto descreve assim esses espaços: “Na entrada, temos uma porta que pertenceu ao Convento do Carmo, retirada no seu processo de desmonte para reforma. Há um living aconchegante que se propõe a garantir um tempo para se fazer uma leitura, uma oração, se preparar para um escalda pés, um ritual do chá ou a escolha das essências para o futuro banho de imersão. Elementos como sofá, tapete, mesa, luminária criam a atmosfera de acolhimento necessária à mudança do ritmo acelerado da vida moderna para um tempo do autocuidado”.

No projeto, uma estrutura metálica traz a delimitação entre ambientes, sugerindo privacidade, com inspiração na designer industrial italiana Matali Crasset, uma das grandes referências mundiais na área. Essa citação, ao mesmo tempo que afirma o perfil preponderante do escritório Andrade Schimmelpfeng de atuar na área industrial, nos remete de forma artística à memória afetiva das antigas cortinas, só que com o uso de tecido em linho, dando um toque cênico ao ambiente.

Schimmelpfeng descreve o segundo ambiente, como o local que simula um “banho de cachoeira”, trazido por um conjunto de chuveiros sobre uma bacia especialmente desenhada pelo seu escritório e rodeadas por pedras de rio. “No terceiro, a proposta é de ser o momento da cura, ‘do banhar-se em leito de rio ou lagoa’, associação reforçada pelo uso de pedra natural verde, dos seixos de rio e da luz natural, cenário ao qual se soma à presença de um pé de jasmim, que nos remete aos banhos relaxantes de ervas; a um autêntico mergulho na natureza”, avalia.

Como observa Schimmelpfeng, a escolha de uma arquitetura formalista leva o ambiente ao afeto e à memória dos antigos salões de banho. Para reforçar essa reminiscência, foram usados materiais como as pedras naturais, arcos, superfícies claras, simplicidade e delicadeza nos detalhes e paisagismo formal. Forro com vigas em madeira que trazem a iluminação indireta e atenuação da acústica no ambiente.

O projeto de Walter Schimmelpfeng investe pesado na iluminação natural. Duas grandes janelas permitem a iluminação da sala de banho, sem o uso de cortinas, graças a uma tecnologia nova: o vidro polarizado Privacy Glass, que propicia o equilíbrio entre a privacidade e a entrada de luz nos ambientes. “Isso porque utiliza uma tecnologia revolucionária que transforma, em instantes, o vidro de cor branca translúcida em incolor, por meio de acionamento via interruptor, controle remoto ou até mesmo automação a depender da necessidade”, informa o arquiteto. O projeto de Schimmelpfeng nos propõe uma reflexão sobre um espaço que pode ser nobre (em uma casa, hotel ou condomínio) e um tempo importante da vida humana que tiveram muito do seu charme dissipado, mas que nem tudo precisa estar necessariamente perdido para sempre.

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