No mundo inteiro, o mês de maio é dedicado à luta contra o câncer de ovário, o mais letal entre os tumores ginecológicos. Por ser difícil de ser diagnosticado, cerca de 75% dos casos são descobertos em estágio já avançado, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), fase em que os sintomas costumam aparecer. Sua incidência está associada a fatores genéticos, ambientais e hormonais.
Mulheres que não tiveram filhos nem nunca amamentaram, as que tiveram menarca precoce ou menopausa tardia, assim como ciclos menstruais repetidos e não bloqueados, apresentam risco mais elevado de desenvolver esse câncer – condições que também podem estar relacionadas a outras patologias que acometem os ovários, como a endometriose.
A chance de uma mulher com endometriose desenvolver câncer de ovário, no entanto, é rara, destaca Alexandre Amaral, ginecologista e especialista em endometriose e cirurgia minimamente invasiva do Núcleo de Endometriose e Fertilidade da Bahia. “A endometriose é uma doença benigna, porém seu potencial proliferativo a associa a características de doenças malignas. Apesar de existirem características compartilhadas entre as duas patologias, estudos recentes apontam que o risco de uma mulher com endometriose desenvolver câncer de ovário é baixíssimo”.
Segundo o ginecologista, isso pode ocorrer porque a endometriose compartilha características com o câncer, como o comportamento metastático. “É possível identificar em ambos os casos a invasão de tecidos, angiogênese (formação de vasos sanguíneos), proliferação e a diminuição da apoptose, que é a morte celular normal. As evidências científicas mostram que os riscos de transformação maligna das células do ovário em portadoras de endometriose são raríssimos, mas geralmente, esses acontecimentos ocorrem mais na menopausa”, pontua Alexandre.
Prevenção
Por se tratar de uma doença silenciosa e diante das limitações para detecção precoce, a principal forma de prevenção envolve o acompanhamento regular com o ginecologista, que pode solicitar exames para investigar casos suspeitos. “O câncer de ovário é mais comum a partir dos 50 anos, sendo que a maior parte das pacientes tem o diagnóstico por volta dos 60 anos. Os exames de diagnóstico mais utilizados são ressonância magnética e ultrassonografia com doppler”, explica Alexandre.
O ginecologista ainda destaca a importância de adotar um estilo de vida saudável para prevenir o desenvolvimento de doenças. “Além de realizar o acompanhamento ginecológico, investir em hábitos saudáveis, que incluem desde alimentação equilibrada e prática de atividade física até manejo do estresse, são essenciais para garantir a qualidade de vida. Sempre alerto para as pacientes também sobre a necessidade de falar sobre qualquer alteração ou sintoma durante as consultas”.