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Saúde

Especialista explica como reposição hormonal pode contribuir para redução dos riscos de Alzheimer em mulheres

Distúrbio cerebral caracterizado por várias alterações patológicas no cérebro, entre elas a morte e degeneração das células, a doença de Alzheimer (DA) registra 100 mil novos casos por ano no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde e, de acordo com a Associação Americana de Alzheimer (Alzheimer’s Association), o risco estimado de desenvolver Alzheimer aos 65 anos é de 17,2% para mulheres e de 9,1% para homens.

Ou seja, 1 em 6 mulheres correm o risco de ser diagnosticada por DA, a nível de comparação este resultado representa quase o dobro do risco de ela ter câncer de mama. No mundo a estimativa é que, devido ao envelhecimento populacional, a doença alcance um total de 74,7 milhões de pessoas em 2030 e de 131 milhões em 2050, segundo dados da Alzheimer’s Disease International.

Para entender o motivo pelo qual as mulheres estão mais vulneráveis ao problema vamos primeiro saber o que é e como age a DA. De acordo com o médico ginecologista Dr. Jorge Valente, o Alzheimer é o tipo mais comum de demência neurodegenerativa, sendo caracterizado pelo desenvolvimento de problemas de memória, de comportamento e pensamentos, sintomas estes que surgem de maneira discreta nos primeiros estágios da doença e que vão se intensificando conforme os danos ao cérebro evoluem.

Segundo ele, numerosos estudos mostraram que a queda na produção dos hormônios sexuais, a exemplo do estrogênio, da progesterona e da testosterona, está relacionada com os fatores de risco para o desenvolvimento da DA.“A literatura nos mostra que estes hormônios atuam como agentes de proteção e prevenção contra danos às células nervosas e, consequentemente ao desenvolvimento do Alzheimer”, destaca o especialista.

A razão das mulheres terem quase duas vezes mais chances de desenvolver a DA do que os homens, pode ser explicada pelos efeitos da menopausa na produção dos hormônios sexuais. “Nas mulheres a chegada da menopausa provoca uma perda relativamente rápida da progesterona e do estradiol. A nível de comparação a diminuição da testosterona nos homens ocorre de maneira significativa, porém gradual”, destaca o médico.

A conexão do Alzheimer com a menopausa está também relacionada em diversos estudos e revisões literárias, entre elas a “Sexo feminino e risco de Alzheimer: a conexão da menopausa”, publicada na National Library of Medicine, que avalia o sexo feminino, juntamente com a idade avançada e o genótipo da apolipoproteína E (APOE)-4, como um importante fator de risco para o desenvolvimento da doença de Alzheimer de início tardio.

Segundo a publicação, estudos de imagem cerebral demonstram que mulheres perimenopáusicas e pós-menopáusicas de 40 a 60 anos de idade exibem um endofenótipo de DA caracterizado por diminuição da atividade metabólica e aumento da deposição de beta-amiloide cerebral em comparação com mulheres na pré-menopausa e homens pareados por idade.

“Neste sentido temos observado tanto através dos estudos, quanto do acompanhamento diário na prática clínica, que os hormônios são antioxidantes do sistema nervoso central e o Alzheimer é uma doença ligada a neuro inflamação. Por este motivo, mais uma vez o estilo de vida também é muito importante. Desta forma a alimentação saudável e prática regular de atividade física, associados a reposição hormonal são muito importantes na prevenção e no retardamento e tratamento da doença. Isso porque os estrogênios, assim como os andrógenos exercem uma ampla gama de ações protetoras, que agem na melhoria dos múltiplos aspectos da saúde neural. Tendo, portanto, potencial para combater a patogênese da DA”, avalia o médico.

“Importante sempre lembrar que apenas um médico poderá avaliar e prescrever a melhor terapia para cada paciente. Ao sinal de quaisquer sintomas do Alzheimer estes devem ser relatados a um profissional para que ele os avalie”, destaca Dr. Jorge Valente.

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