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Crítica – O Pálido Olho Azul

Produção da Netflix, O Pálido Olho Azul é um daqueles filmes que no papel não tem como dar errado. Tem um diretor competente em Scott Cooper (de filmes como Coração Louco, Tudo por Justiça Aliança do Crime), um roteiro que adapta um sucesso literário (o romance de mesmo nome escrito por Louis Bayard) e um ótimo elenco. Cinema, no entanto, não é uma ciência exata e apesar de todas as credenciais positivas o resultado é relativamente esquecível.

A trama se passa no século XIX. Augustus Landor (Christian Bale) é um detetive veterano e traumatizado por traumas do passado é chamado para desvendar uma morte misteriosa na academia militar de West Point, em que um cadete supostamente se matou e depois o coração do cadáver foi roubado. Como os recrutas são um grupo fechado e pouco colaborativo, Landor acaba se aproximando do cadete Edgar Allan Poe (Henry Melling) para ajudá-lo a desvendar o segredo de West Point. Apesar de Poe ter de fato servido em West Point no período histórico em que a narrativa acontece, a trama é completamente ficcional.


O principal problema é que o filme não consegue criar um clima de tensão, suspense ou mistério ao redor do crime. Não há um senso de que existe algo em jogo para Landor ou qualquer personagem ou urgência na necessidade de desvendar o crime. Só lá pela metade quando um segundo cadáver aparece é que temos a sensação de que há algum risco. Ainda assim, o filme parece não ter muito o que falar sobre seus personagens, que não exibem qualquer arco narrativo ou aprendizado, ou sobre temas como misticismo, masculinidade e arte.

É uma pena porque a fotografia é eficiente em criar uma atmosfera gélida no modo como registra as paisagens cobertas de neve e o elenco defende seus personagens com habilidade. Bale traz um ar de cansaço a Landor, um sujeito que parece já ter passado por muita coisa apesar de falar pouco sobre seus sentimentos, enquanto que Melling faz de Poe um sujeito socialmente estranho cuja poesia é sua forma de lidar com seus problemas internos. São dois homens marcados por perdas traumáticas, cujo elo é pouco explorado.

Só na cena final entre os dois é que o filme finalmente apresenta algum conflito ou drama, nos dando um vislumbre de uma narrativa mais interessante que poderia ter acontecido se o embate entre Poe e Landor fosse o foco desde o início. Do jeito que está, porém, acaba sendo muito pouco muito tarde, desperdiçando não só os esforços da dupla principal como os do ótimo elenco de coadjuvantes com nomes como Timothy Spall, Gillian Anderson, Toby Jones ou Charlotte Gainsbourgh.

É uma pena, porque O Pálido Olho Azul tinha potencial para ser um suspense envolvente, mas o resultado final é uma produção arrastada e inane a despeito do elenco e qualidade visual.

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