Em homenagem ao centenário de José Saramago, o ME Ateliê da Fotografia – Ladeira do Boqueirão, n.6, Santo Antônio Além do Carmo, lança a mostra coletiva ‘Saramago 100 Anos’. Gratuita e aberta ao público, a exposição, idealizada pelo artista e fotógrafo Mário Edson, recebeu o aval da viúva de José Saramago e ficará em cartaz de 22 de setembro até 30 de outubro, de quinta a domingo, das 16h às 19h.
A exposição será composta por 49 obras em gêneros artísticos diversos: fotografia, pintura, cerâmica, bordado, desenho, escultura, quilling, colagem, gravura digital e caricaturas. Entre os 46 artistas nacionais e internacionais estarão presentes nomes como Bernardo Tochilovsky, Karla Brunet, Ike Ferreira, Ana Uzêda Luiz Mário, Mili Genestreti e imagem do acervo da Fundação Casa de Jorge Amado.
José Saramago nasceu em Azinhaga, aldeia portuguesa da província de Ribatejo, em 16 de novembro de 1922, e se mudou ainda criança com seus pais para Lisboa. Com a paixão pela leitura e escrita, seu estilo de obra único revolucionou a literatura de seu tempo, foi um autor de múltiplos gêneros – escreveu poemas, peças de teatro, crônicas, contos, novelas, romances e manteve também um blog. E foi a forma da prosa que o consagrou como grande escritor do século XX.
Curador e idealizador da exposição, Mário Edson explica que a inspiração em realizar um tributo a Saramago está explícita na própria carreira do poeta, jornalista e escritor. José Saramago é o único escritor da língua portuguesa a ser laureado com um Prêmio Nobel de Literatura. Além disso, Mário destaca que a ‘Coletiva Saramago 100 Anos’ fará com que o público e também os artistas participantes reflitam sobre todo legado deixado pelo artista.
“As escolhas do Ateliê são pautadas nas grandes figuras que através de suas contribuições artísticas e culturais deixaram um legado para o mundo, sejam elas brasileiras ou não, primamos pela necessidade de reverberar e perpetuar tais conteúdos para gerações futuras e principalmente para provocar e incentivar artistas e público a uma reflexão acerca de temas e obras de importância singular”, completa.
Admirador da vida e carreira de Saramago, Mário Edson pretende levar a coletiva “Saramago 100 Anos” para Lisboa, durante o mês de novembro, quando se assinala, em 16 de novembro de 2022, o centenário de José Saramago. Para o curador e idealizador da exposição, retratar a vida de Saramago é compartilhar com o mundo a essência poética e, sobretudo, humanística presentes em sua obra.
“Vivemos tempos difíceis, além da avançada e desenfreada evolução de um universo totalmente digital, volátil e individualista, onde a essência e o conteúdo das obras ou até mesmo a trajetória das pessoas são desprezados em função da avassaladora rapidez com que temos conduzido os dias e por tabela nossa vida. Os grandes nomes e suas reflexões são esquecidos e jogados à margem de uma filosofia imediatista e sem conteúdo”, acrescenta.
Inclusão e diversidade artística
A exposição traz em sua essência o compromisso com a inclusão e diversidade. A mostra conta com a participação dos artistas Bernardo Tochilovsky, obras com aquarela sobre tela, e Jamile Pires Siméia, através do desenho a lápis sobre papel. Apesar de jovens, os artistas baianos possuem uma firme relação com as artes e as diversas formas de se expressarem através das cores, texturas e formas.
Bernardo Tochilovsky tem 22 anos e desde criança usa desenhos e pinturas como maneira singular e genuína de se comunicar. Diagnosticado com transtorno do espectro autista (TEA), o artista tem nas tintas, nos lápis, aquarelas, papéis e telas a possibilidade de explorar seu imaginário. Suas obras fizeram parte do Centenário da Semana de Arte Moderna, na Art Lab Gallery, em São Paulo. E também em exposições no Palacete das Artes, Sala Carlos Bastos, entre outros espaços em Salvador.
A artista surda Jamile Siméia Pires Reis é artesã e pintora. A coletiva ‘Saramago 100 Anos’ será a sua primeira exposição, no entanto a sua atuação com as artes pode ser visualizada e sentida através das peças de artesanato que constrói, vende e compartilha com seus seguidores. Jamile atua ainda como professora de Libras no projeto ‘Libra Tudo’ e cursa a graduação em decoração pela Universidade Federal da Bahia (UFBA)
Para Mário Edson, a participação dos artistas traz uma discussão sobre pertencimento e acessibilidade. Além disso, chama a atenção para um assunto importante, mas pouco discutido, o capacitismo. “Seguindo com nossa proposta de viabilizar espaço para novos artistas, buscando sempre novos olhares e técnicas, a exemplo dos talentosos artistas, Bernardo e Jamile. Assim, discutimos a questão da inclusão e da pluralidade tão viva na arte. Eles são um exemplo vivo do poder da arte”, celebra.
