Ferrenha defensora do meio ambiente, a ambientalista e empresária Vitória da Riva, pode-se orgulhar de muitos feitos em sua trajetória pessoal e profissional, mas nenhum deles se equipara ao fato de ter sido uma das grandes responsáveis por difundir o turismo ecológico no Brasil, algo impensável no início dos anos 1990. Naquela época, aliás, sempre que ensaiava contar para alguém suas aspirações de promover o turismo de natureza no sul da Amazônia, a pecha de maluca entrava em cena. “Você vai trazer gente aqui para ver mato? Não faz sentido!”
Hoje, três décadas depois, muita coisa mudou. O meio ambiente ainda sofre, mas há cada vez mais empresas engajadas na causa ambiental. No campo do turismo, não é diferente. O chamado turismo sustentável, algo idealizado por Vitória da Riva lá atrás, deixou de ser um sonho para se tornar realidade.
Realidade essa que pode ser vista, ouvida e sentida no Cristalino Lodge, um dos 25 melhores ecolodges do mundo segundo a National Geographic Traveler. Fruto da insistência de Vitória, o empreendimento hoteleiro, situado no município de Alta Floresta (MT), não só evidenciou o sul da Amazônia para o turismo internacional, mas uniu o útil ao agradável ao possibilitar a prospecção de um negócio concreto sem precisar destruir aquilo que a natureza levou anos para produzir.
Erguido em 1992, em uma clareira na floresta fechada, o hotel está incrustado, como uma joia, em meio à exuberância da floresta amazônica, dentro da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), criada em 1997, como a 1ª do norte do Mato Grosso e que hoje conta com mais de 11.000 hectares de mata protegida, uma área seis vezes maior que o arquipélago de Fernando de Noronha. No início, ainda com uma estrutura enxuta, para no máximo 8 pessoas, o Cristalino Lodge apresentava uma frequência bem restrita de hóspedes, sobretudo estrangeiros e entusiastas da observação de pássaros, o birdwatching.
Com o passar dos anos, o empreendimento foi ganhando forma e prosperando como negócio. O entorno ajudava. A proximidade com os ecossistemas do Pantanal e do Cerrado fez com que muitas espécies destes habitats também pudessem ser encontradas no sul da Amazônia, criando uma zona de elevada biodiversidade. Um terço de todas as aves do Brasil e inúmeras espécies endêmicas, que só existem em um determinado local, estão no Cristalino Lodge.
Tamanha variedade de espécies, não só atraiu mais visibilidade para o hotel, como reconhecimentos importantes no Brasil e no exterior pelos seus esforços na conservação da biodiversidade, um dos pilares do Cristalino Lodge e o principal motivo de inspiração e motivação para Vitória da Riva, que em 1999, criou a Fundação Cristalino para reforçar e fomentar pesquisas sobre a biodiversidade da Amazônia.
As pesquisas e ações desenvolvidas pela Fundação Cristalino, se mesclam ao sério de trabalho de responsabilidade social e ambiental tocadas pelo hotel. Suas ações de mínimo impacto ao ecossistema incluem a captação de energia limpa, feita por meio de 60 placas alto voltaicas que geram 2,3 MW ao mês, reciclagem e separação de lixo, arquitetura inteligente, uso de produtos orgânicos e o tratamento de água e efluentes cinzas e negros por meio de um sistema de camadas por filtros e bacia de evapotranspiração.
Por seus esforços na área ambiental, o hotel recebeu importantes premiações, como o Global Vision Awards, da Revista Travel & Leisure, e Sustainable Vision Award da Brazilian Luxury Travel Association, a BLTA.
“Além da fantástica experiência de reconexão, os turistas que nos visitam estão colaborando para o desenvolvimento de importantes iniciativas, que vão desde a captação de energia solar nos quartos, ao tratamento da água e o uso de produtos orgânicos da nossa horta. Para mim, é muito gratificante ver a sequência de um projeto que começou lá atrás. É uma vitória muito grande ver a floresta de pé e o ecoturismo em alta”, ressalta Vitória da Riva, sócia-proprietária do Cristalino Lodge.