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Crítica – Naquele Fim de Semana

De início Naquele Fim de Semana, nova produção original da Netflix, parece mais um daqueles suspenses em que uma turista estadunidense viaja para um local exótico, mas sua curtição é abruptamente interrompida por ela se envolver em um crime. São filmes que exalam colonialismo e xenofobia, tratando qualquer lugar distante dos Estados Unidos como um antro de perigo, criminalidade e incivilidade. De certa forma o filme é isso, embora também tente trazer, sem sucesso, alguns outros elementos.

Na trama, Beth (Leighton Meester) viaja para a Croácia para encontrar Kate (Christina Wolfe), sua melhor amiga com quem está há anos sem se falar direito. Kate está recém divorciada e quer curtir a solteirice, enquanto Beth, casada e mãe de um filho pequeno, usa a viagem como um momento de descanso. Depois de uma noite em uma boate, Beth acorda no local em que estava hospedada sem memória da noite anterior e sem Kate, iniciando uma corrida para descobrir o que ocorreu com a amiga.

O início até apresenta algumas reviravoltas interessantes, como o fato de Kate estar envolvida com o marido de Beth, mas o filme rapidamente perde a mão nas incessantes revelações e tudo rapidamente descamba para o absurdo, com um dono de hotel que filma todos os hóspedes, policiais corruptos e um taxista envolvido com o crime organizado local. O que era uma trama relativamente “pé no chão” desaba em uma série de eventos que expõem furos de roteiro, lógica e personagens pouco críveis. A trama até tenta falar sobre o modo como a sociedade trata as mulheres e culpabiliza as vítimas, no entanto, o discurso se perde em meio aos vários reveses exagerados.

O roteiro nunca dá, por exemplo, uma motivação crível para que o taxista Zain (Ziad Bakri) se arrisque tanto por Beth. É algo que acontece simplesmente porque a trama exige que aconteça. Do mesmo modo, alguns desdobramentos são tão sem sentido que se tornam hilários, como o momento em que o policial que ameaça Beth simplesmente escorrega e cai do alto de um prédio em uma das mortes em cena mais involuntariamente hilárias da minha memória recente.

Na verdade, são os momentos de comédia acidental que evitam o filme de se tornar um tédio completo, embora esse efeito claramente não tenha sido a intenção. É visível que a ideia era ser um suspense sério, mas é tudo tão estúpido e exagerado que acaba sendo difícil não rir em alguns momentos. Leighton Meester contribui para esse humor involuntário com uma composição tão caricaturalmente histérica, exagerada e completamente fora do tom do que a personagem ou situação exige. É de uma inabilidade tão grande em conseguir se aproximar de qualquer emoção humana minimamente crível que acaba soando engraçado. Esse humor involuntário não chega a fazer a experiência valer a pena, mas pelo menos impediu que tudo fosse tomado por um tédio completo.

Naquele Fim de Semana é um suspense que reproduz uma visão colonialista e preconceituosa, além de se perder em reviravoltas cada vez mais doidas cujo humor involuntário do roteiro e da péssima protagonista acabam evitando que tudo se torne chato demais.

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