O câncer de pele corresponde a 27% de todos os tumores malignos no Brasil. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), são mais de 180 mil novos casos da doença por ano no país. Sua incidência é maior do que os cânceres de próstata, mama, cólon e reto, pulmão e estômago. Frente a números tão elevados, a campanha Dezembro Laranja é realizada para conscientizar a prevenção e diagnóstico precoce, especialmente durante a pandemia, quando se diminuiu pela metade o número de exames realizados para detectar a doença.
Entre janeiro e setembro de 2020, o volume de pessoas que procuraram o Sistema Único de Saúde (SUS) para fazer o diagnóstico do câncer de pele caiu em 48%, na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). A dermatologista do Instituto Muita Saúde, Tarsila Lessa, alerta que as precauções devem ser mantidas durante toda a vida, inclusive na pandemia.
“A busca por atendimento especializado, em caso de suspeita de câncer de pele não deve ser postergada, pois o diagnóstico precoce reduz morbidade e mortalidade. Os centros médicos devem seguir as orientações das autoridades sanitárias para prevenir a contaminação e disseminação do novo coronavírus, e o paciente também deve tomar todas as precauções ao se dirigir ao local de atendimento”, diz.
A especialista explica que os cuidados para prevenção da doença devem ser iniciados desde a infância, período em que somos mais propensos a adquirir bons hábitos. “Também já se sabe que histórico de queimaduras solares na infância e adolescência, além de influenciarem no envelhecimento, aumentam risco de câncer de pele na idade adulta”, destaca Tarsila Lessa.
Entre os hábitos de proteção recomendados pela dermatologista, estão o uso de óculos de sol e blusas com proteção UV, bonés ou chapéus, preferir a sombra, usar sombreiros de algodão ou lona (os de nylon deixam passar 95% dos raios nocivos), além de evitar a exposição solar entre 9h e 15h, com uso de filtro solar labial e corporal com FPS igual ou superior a 30, reaplicado a cada duas horas ou sempre que houver contato com a água. “É importante lembrar que o protetor solar deve ser incluído na nossa rotina diária até em dias nublados”, ressalta a dermatologista.
Tipos da doença e diagnóstico
O câncer de pele mais comum é o não melanoma, que inclui o Carcinoma Basocelular (CBC), mais frequente na população, corresponde a cerca de 70% dos casos, e o Espinocelular (CEC), segundo tipo mais comum, com cerca de 20% dos casos. O CBC se manifesta por lesões elevadas, brilhantes ou escurecidas que crescem lentamente e sangram com facilidade. Já o CEC se caracteriza por lesões verrucosas ou feridas que não cicatrizam depois de seis semanas, que também podem sangrar com facilidade.
“O câncer de pele não melanoma, se diagnosticado precocemente, tem elevadas chances de cura com a cirurgia e muito raramente gera metástase. Porém, se tiver diagnóstico e tratamento postergados, pode causar importante grau de invasão local e mutilação”, conta a dermatologista do Instituto Muita Saúde.
Também tem o câncer de pele melanoma. Geralmente, este tipo da doença se manifesta como pintas ou manchas escuras que crescem e mudam de cor e formato rápido. Corresponde a cerca de 10% dos casos, mas é o mais grave, pois pode provocar metástase rapidamente e levar à morte. Porém, embora muito agressivo, tem até 90% de chance de cura, se diagnosticado precocemente.
“É preciso estar atento a pintas que crescem, manchas que aumentam, sinais que se modificam ou feridas que não cicatrizam. Não esquecer de observar lábios, genitália, unhas, palmas e plantas. Importante lembrar também que o autoexame facilita o diagnóstico precoce, mas não substitui a visita ao especialista. Em caso de dúvida, procure um médico dermatologista certificado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia”, explica Tarsila Lessa.
Embora qualquer pessoa possa desenvolver um câncer de pele, a dermatologista Tarsila Lessa conta que estão mais propensos a ter a doença os seguintes indivíduos: de pele e olhos claros, cabelos loiros e ruivos, com sardas, histórico familiar de câncer de pele, múltiplos sinais pelo corpo, pacientes imunossuprimidos e/ou transplantados, além de histórico de queimadura solar na juventude ou trabalho com exposição solar prolongada. “Todas as pessoas devem fazer ao menos uma consulta anual ao dermatologista. As pessoas dos grupos de risco receberão orientação sobre sua frequência ideal de consulta”, finaliza.