Não é raro encontrar quem tenha alguma insatisfação com a própria aparência. Na ânsia pela melhor selfie ou melhor versão de si mesmo, há quem recorra ao uso excessivo de filtros das redes sociais ou procedimentos estéticos frequentes. No entanto, quando isso é motivado por uma percepção alterada que a pessoa tem da própria imagem, onde potencializa defeitos mínimos ou até inexistentes, pode ser um sinal do Transtorno Dismórfico Corporal (TDC). A doença é caracterizada pela preocupação exagerada com a aparência e uma visão alterada da própria imagem.
Maísa Pamponet é médica dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, e explica que é importante perceber quando a preocupação com a aparência passa do limite saudável. Em estágios mais graves, o TDC pode assumir uma postura incapacitante ao apresentar prejuízos no funcionamento social do indivíduo, criando comportamentos compulsivos a partir da insatisfação obsessiva com a aparência: “O TDC pode ser disfuncional e tende a gerar muito estresse. Isso acaba afetando a vida social da pessoa, às vezes ela tem dificuldade de ter as atividades habituais do dia a dia, como o trabalho ou vida acadêmica, e passa horas no espelho, um tempo que ela poderia estar fazendo outra coisa”.
A frequência de queixas estéticas por parte de pessoas que buscam a perfeição do corpo e da pele tem feito profissionais da área se debruçarem sobre o assunto. O artigo Transtorno Dismórfico Corporal em Dermatologia: Diagnóstico, Epidemiologia e Aspectos Clínicos, publicado nos Anais Brasileiros de Dermatologia, alerta que a prevalência do transtorno, na população geral, é de 1 a 2% e, em pacientes dermatológicos e de cirurgia cosmética, de 2,9 a 16%.
